15 Abril 2016
No próximo domingo 5 de junho, o Peru terá um segundo turno para decidir a presidência da república entre Keiko Fujimori e Pedro Pablo Kuczynski.
O Fujimorismo
Hoje, dia 12 de abril, como 95.32% dos votos apurados, o partido Força Popular liderado pela filha do ditador condenado e preso por crimes contra a humanidade e corrupção, Alberto Fujimori, passou para o segundo turno com um 39.74% dos votos.
A reportagem é de Susel Paredes Piqué, publicada por Open Democracy, 14-04-2016.
O que além disso a constitui como primeira força politica no Congresso da República, dispondo duma maioria extraordinária. Isto também significa que a possibilidade duma nova constituição está cada vez mais longe, uma vez que o Fujimorismo a defenderá como principal legado do ditador.
Se Keiko Fujimori chegar à presidência, as propostas de direitos humanos e direitos civis serão paralisadas no Congresso, e as comunidades historicamente excluídas correm uma grave perigo.
Peruanos pela Mudança
Em segundo lugar ficou o partido “Peruanos pela Mudança” liderado por Pedro Pablo Kuczynski que obteve 21.04% dos votos, que defende diversas iniciativas legislativas que visam proteger os direitos humanos e direitos civis, concretamente os da comunidade LTGBI, que propõe:
União civil, incorporação dos direitos da comunidade LTBGI no Plano Nacional de Direitos Humanos, a elaboração dum registo de vítimas de agressão pela sua orientação sexual e identidade de gênero e uma lei contra os crimes de ódio.
O role das esquerdas
A esquerda conseguiu desde o Frente Amplio, liderado por Veronika Mendoza, 18.79% dos votos, recuperando um saudável protagonismo parlamentário próprio depois de décadas, já que os congressistas de esquerda que emergiram anteriormente fizeram-no através do atual partido de governo.
Um fato interessantes é a participação de Gregorio Santos, atual governador da região Cajamarca, que apesar de estar preso e sem ter sido ainda condenado, obteve desde a sua participação no partido Democracia Direta 4.09% dos votos, além de uma vitória incontestável na região de Cajamarca, onde conseguiu 40.63% dos votos da região. Imaginam o que poderia ter acontecido se estivesse em liberdade? Pese a que a competiu do outro lado dos muros prisionais, Gregorio Santos demonstra uma capacidade política muito interessante que não devemos perder de vista.
Os ex-presidentes
Alejandro Toledo simplesmente ficou aquém das expetativas, e Alan García teve que renunciar à presidência do partido. Esperemos que esta seja a morte dos caudilhismos da APRA e do Peru Possível, com a consequente aparição das gerações oprimidas pelos caciques para refundar estes partidos em benefício da democracia.
O segundo turno
O segundo turno apresenta um dilema que se resolveria facilmente com a participação ativa e militante das esquerdas que atualmente sumam um 22.88% da votação nacional.
Estas forças políticas do país representadas pelo Frente Amplio e Democracia Direta, têm nas suas mãos a responsabilidade de liderar uma campanha forte e ativa contra a ditadura. Esse quase 23% da esquerda fresca e renovada pode definir o destino do Peru pondo-o nas mãos da democracia ou colocando-o nas garras da ditadura.
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O Peru terá que escolher entre democracia e ditadura - Instituto Humanitas Unisinos - IHU