A Igreja da Inglaterra se opõe à extrema-direita religiosa com uma nova campanha: “Estrangeiros são bem-vindos”

Foto: Wikimedia Commons

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09 Dezembro 2025

Líderes religiosos respondem às declarações de extremistas britânicos, como o líder da extrema-direita Tommy Robinson: "Devemos confrontar a apropriação da linguagem e dos símbolos cristãos por forças populistas que buscam explorar a fé para seus próprios fins políticos."

A reportagem é de Harriet Sherwood, publicada por The Guardian e reproduzida por El Diario, 07-12-2025.

A Igreja da Inglaterra lançou uma campanha para se opor à extrema-direita. A resposta vem da mensagem anti-imigração do político britânico de extrema-direita Tommy Robinson, cujo movimento "Unir o Reino Unido" incitou seus seguidores a participarem de um evento de cantos natalinos no próximo fim de semana para "Devolver Cristo ao Natal".

Os cartazes, exibidos em pontos de ônibus, trazem as frases “Cristo sempre esteve presente no Natal” e “Estrangeiros são bem-vindos”. Eles também estarão disponíveis para download pelas igrejas locais, para que possam exibi-los durante as festas de fim de ano.

A decisão da Igreja Britânica de contestar a postura de extrema-direita do agitador Robinson surge num momento de crescente inquietação entre os líderes religiosos devido à ascensão do nacionalismo cristão e à apropriação de símbolos cristãos para reforçar as visões dos seus seguidores.

Em setembro, uma marcha organizada pelo movimento 'Unite the Kingdom' contou com uma presença significativa de símbolos cristãos, como cruzes de madeira e bandeiras com slogans e cânticos como "Cristo é rei" ou apelos para defender "Deus, a fé, a família e a pátria".

Na semana passada, Robinson, cujo nome verdadeiro é Stephen Yaxley-Lennon, anunciou um evento de cânticos natalinos para o próximo fim de semana em um local ao ar livre no centro de Londres. Segundo o líder da extrema-direita, o evento busca marcar o início de “um novo renascimento cristão no Reino Unido, um momento para resgatar e celebrar nossa herança, cultura e identidade cristãs”. Em resposta, alguns ativistas cristãos estão planejando um evento paralelo para protestar contra as visões de extrema-direita dos seguidores de Robinson.

Uma estratégia mais abrangente para confrontar a extrema-direita

Os cartazes fazem parte de uma resposta mais ampla de diversas igrejas aos movimentos de extrema-direita no Reino Unido. A Equipe Conjunta de Assuntos Públicos (Joint Public Affairs Team), parceria entre a União Batista da Grã-Bretanha, a Igreja Metodista e a Igreja Reformada Unida, oferece um "recurso de resposta rápida" para igrejas locais que tentam "navegar pelas complexidades" do nacionalismo cristão e pela "apropriação da linguagem e dos símbolos cristãos — incluindo o Natal — para a pauta nacionalista".

O reverendo Arun Arora, bispo de Kirkstall e codiretor episcopal para a justiça racial da Igreja da Inglaterra, disse: "Devemos confrontar e resistir à apropriação da linguagem e dos símbolos cristãos por forças populistas que buscam explorar a fé para seus próprios fins políticos."

Arora afirmou que a conversão de Robinson ao cristianismo durante seu período na prisão foi bem-vinda, mas que isso não lhe dava "o direito de subverter a fé para servir aos seus propósitos, em vez do contrário".

Uma igreja que não agisse em resposta ficaria enfraquecida, acrescentou Arora: “Tanto nas advertências dos profetas quanto nos ensinamentos de Jesus, há um apelo inequívoco para garantir justiça aos mais fracos e vulneráveis. Com a aproximação do Natal e ao lembrarmos a fuga da Sagrada Família como refugiados, reafirmamos nosso compromisso de colaborar com outros na criação de um sistema de asilo justo, compassivo e baseado na dignidade humana.”

Após a marcha "Unir o Reino" (Unite the Kingdom) em setembro, líderes cristãos publicaram uma carta aberta afirmando que "qualquer apropriação ou manipulação da fé cristã para excluir outros é inaceitável". Entre os signatários estavam sete bispos da Igreja da Inglaterra e líderes importantes das igrejas Metodista, Batista e Pentecostal, da Igreja da Escócia, do Exército da Salvação e da rede católica de ação social Caritas.

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