Abertura da Conferência Episcopal Italiana (CEI) para o acolhimento de pessoas LGBTQ, divorciadas e autocrítica sobre os abusos

Foto: Canva

Mais Lidos

  • Dossiê Fim da escala 6x1: Redução da jornada de trabalho e o fim da escala 6x1: Desafios e estratégias sindicais no Brasil contemporâneo

    LER MAIS
  • Celular esquecido, votos mal contados. O que aconteceu no Conclave. Artigo de Mario Trifunovic

    LER MAIS
  • Às leitoras e aos leitores

    LER MAIS

Assine a Newsletter

Receba as notícias e atualizações do Instituto Humanitas Unisinos – IHU em primeira mão. Junte-se a nós!

Conheça nossa Política de Privacidade.

Revista ihu on-line

Natal. A poesia mística do Menino Deus no Brasil profundo

Edição: 558

Leia mais

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

27 Outubro 2025

Abertura ao acolhimento de pessoas LGBTQ (o texto também menciona explicitamente pessoas transgênero) - incluindo apoio por meio de oração e reflexão para as "Jornadas" promovidas pela sociedade civil para combater todas as formas de violência, portanto, também aquelas de "orgulho gay" - abertura às pessoas em situações afetivas "irregulares" (divorciados e recasados, coabitantes, pessoas em união civil) com um convite a paróquias e dioceses para não discriminá-las, com um empenho com o desarmamento e o repensamento do papel dos capelães militares. Esses são alguns dos pontos do documento aprovado por maioria pela terceira assembleia sinodal da Conferência Episcopal Italiana (CEI), que aprovou o Documento Síntese do Caminho Sinodal das Igrejas na Itália, intitulado "Fermento de Paz e Esperança", com 781 votos favoráveis de 809 votantes.

A reportagem é de Carlo Marroni, publicada por Il Sole 24 Ore, 26-10-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.

Após os percalços de abril, que efetivamente bloquearam o caminho, a Igreja italiana acabou encontrando uma síntese que satisfaz a maioria dos delegados ao Caminho, entre os quais muitos leigos. "Agora cabe aos Pastores assumir tudo, identificar prioridades e mobilizar forças antigas e novas para dar corpo às palavras. Colegialidade e sinodalidade. A próxima Assembleia Geral da CEI terá a discussão desse documento como tema central", declarou o Presidente da CEI, Cardeal Matteo Zuppi, ao final da votação. "A esse respeito", observou, "gostaria de retomar o gesto realizado pelos Bispos em abril passado, quando a Segunda Assembleia Sinodal não havia se reconhecido no documento apresentado à assembleia.

Contrariamente à tradição, a Assembleia da CEI de maio foi transferida para novembro, para permitir o amadurecimento de um texto melhor, que refletisse melhor todo o caminho percorrido em conjunto. Podemos realmente dizer que a lógica do "sempre se fez assim" não prevaleceu. O adiamento da Assembleia Geral foi, em vez disso, uma forma para se engajar plenamente num grande esforço da Igreja. E assim transformamos uma pausa inesperada no caminho em uma oportunidade para recomeçarmos juntos com novo vigor." Em suma, as dificuldades daquele momento – que efetivamente coincidiu com a morte de Francisco e a convocação do Conclave – não foram ocultadas, e foi deixado espaço para o debate interno.

Entre as propostas estão o fortalecimento do papel dos leigos e das mulheres — a proposta mais contestada foi sobre o diaconato feminino: de 813 votantes, 625 votaram a favor e 188 contra — e uma reforma dos seminários. Além disso, a Assembleia pede que as igrejas locais apoiem iniciativas de desinvestimento em instituições de crédito envolvidas na produção e comércio de armas — os chamados "bancos armados" — e de objeção de consciência profissional de quem se recusa a colocar suas competências a serviço da produção e comércio de armas. "Aquela Assembleia não foi um passo para trás, mas um passo à frente: rumo a uma maior corresponsabilidade, com a liberdade de poder se expressar mesmo com dissenso", disse o vice-presidente da CEI, D. Erio Castellucci, referindo-se ao problema de abril passado, especialmente entre os delegados leigos que não haviam se reconhecido, principalmente nas questões de homossexualidade e das mulheres. "A pressa em decidir — certamente não a má-fé — havia afetado a elaboração do texto", explicou, enfatizando que "o Conselho Permanente da CEI o reformou e solicitou que as centenas de emendas propostas ao texto fossem avaliadas e integradas". Isso levou a um "adiamento corajoso". O documento reconhece que, até o momento em relação à luta contra os abusos de padres ainda há "criticidades, resistências e dinâmicas arraigadas que, por vezes, dificultaram a correta atenção e proteção de menores e pessoas vulneráveis". O processo sinodal começou em 2021, envolvendo mais de 200 igrejas locais, 400 representantes diocesanos e 500mil pessoas organizadas em 50mil grupos de escuta. "O Documento", acrescentou Castellucci, "está imbuído de experiências de paz e esperança".

Leia mais