Jovens negros lideram evasão escolar no Brasil, aponta estudo de desigualdade na educação

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

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22 Outubro 2025

Desigualdade financeira, violência e racismo são os principais fatores que levam à interrupção dos estudos antes do ensino superior.

A informação é de Gustavo Kaye, publicada por Agenda do Poder, 20-10-2025. 

Um estudo do British Council divulgado nesta segunda-feira (20) revela que 3 em cada 5 jovens que deixam a escola antes do ensino superior são negros — pretos ou pardos. Apesar de representarem 55,5% da população brasileira, esses jovens ainda são minoria entre os que conseguem concluir o ensino superior, evidenciando a persistência de desigualdades raciais na educação.

Principais motivos para o abandono escolar

A pesquisa identificou que 39% dos jovens citam dificuldades financeiras como a razão principal para interromper os estudos. Outros fatores relevantes incluem responsabilidades familiares, como cuidar de irmãos ou filhos, problemas de transporte (19%), apoio insuficiente de professores (18%) e falta de acesso a cursos de qualidade (17%).

Desafios socioeconômicos e exposição à violência Metade dos jovens entre 19 e 24 anos não estuda nem possui diploma universitário. Os jovens negros enfrentam maior exposição à violência, compõem a maior parte da força de trabalho informal e têm mais dificuldade em cobrir despesas básicas. Mais da metade recebe menos de 1,5 salário mínimo por mês, enquanto quase metade dos jovens brancos ganham acima de dois salários mínimos.

Racismo e discriminação vivenciados pelos jovens O levantamento aponta que 86% dos jovens pretos e 71% dos pardos já vivenciaram situações de racismo, como piadas sobre aparência, apelidos racistas, suspeita de menor capacidade intelectual ou perseguição em espaços públicos. Segundo Bárbara Cagliari Lotierzo, do British Council, “a desigualdade racial atravessou praticamente todas as falas das entrevistas”.

Percepção negativa sobre a qualidade do ensino

Metade dos entrevistados considera a educação no Brasil de baixa qualidade, com avaliações ainda mais críticas entre moradores de favelas (68%) e periferias (58%). O estudo reforça que a disparidade no acesso à educação contribui para a manutenção de desigualdades raciais e econômicas.

Recomendações para políticas públicas O relatório sugere ações como fortalecimento do Plano Nacional da Juventude, formação pedagógica antirracista, inclusão digital e maior participação dos jovens na formulação de políticas públicas. O objetivo é reduzir a evasão escolar, garantir equidade no acesso à educação e combater desigualdades estruturais.

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