Mobilização nas 27 capitais brasileiras surpreende direita e manda recado para a esquerda

Manifestantes protestam contra a PEC da Blindagem e PL da Anistia na orla de Copacabana. Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Mais Lidos

  • Zohran Mamdani está reescrevendo as regras políticas em torno do apoio a Israel. Artigo de Kenneth Roth

    LER MAIS
  • Os algoritmos ampliam a desigualdade: as redes sociais determinam a polarização política

    LER MAIS
  • Guiné-Bissau junta-se aos países do "cinturão de golpes militares" do Sahel e da África Ocidental

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

22 Setembro 2025

As manifestações levaram às ruas cartazes e faixas contra a jornada 6x1, a favor da Palestina, em defesa das minorias, mas principalmente contra a anistia a Jair Bolsonaro e contra os desmandos do Congresso, personificados na Proposta de Emenda Constitucional que blinda parlamentares de investigação.

A reportagem é de Raquel Miura, publicada por Rfi, 22-09-2025.

Bolsonaristas vão tentar minimizar, mas sabem que as manifestações desse domingo foram fortes, barulhentas e politicamente muito importantes, com consequências imediatas: vão sepultar de vez, no Senado, a PEC da Blindagem — ou da Bandidagem, como foi chamada em centenas de cartazes — e vão exigir justificativas e arremates muito mais cuidadosos para propostas que tentem mexer no tamanho das penas para quem atenta contra a democracia do país. Já o impacto que isso terá sobre candidatos de direita depende de outros fatores e capítulos, até porque eles também se abastecem da polarização.

Para a esquerda, as manifestações trouxeram uma aura de renovação, quase uma lavagem de alma, já que há muito tempo o discurso da moralidade foi bandeira dos adversários. Assim como os atropelos desesperados de Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos deram a Lula o lábaro do patriotismo, a fome sem limites de poder do Centrão permitiu agora à esquerda entoar gritos contra os descalabros do Legislativo.

Recado para nichos da esquerda

Mas justamente por isso, as ruas também são um recado para nichos da esquerda. O maior escândalo do ano — o desvio de dinheiro de aposentados do INSS — começou no governo Bolsonaro e continuou na gestão Lula, que depois, é verdade, abriu investigação e promoveu demissões, inclusive de aliados de esquerda. Isso mostra que é mais fácil tirar a bandeira anticorrupção do adversário do que vesti-la novamente. Bem sabem alguns deputados de esquerda que votaram a favor da blindagem aos políticos corruptos o constrangimento que foi encarar este domingo.

As manifestações não tiveram um protagonista ovacionado; não foi um ato pró-Lula nem pró-Alexandre de Moraes, ainda que, para o governo, o resultado seja positivo. Foi um protesto contra abusos de poder, contra um Congresso marcado por emendas secretas e outros excessos. Por isso, pisar na bola neste momento, colocando o pragmatismo político acima de tudo, pode ser um tiro no pé de um governo que acumula erros na articulação política.

Manifestações contra a PEC também aconteceram em Paris e outras capitais europeias.

Leia mais