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O olhar do pobre. Artigo de Rafael dos Santos da Silva

Foto: Rovena Rosa | Agência Brasil

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18 Setembro 2025

"Aquela gente humilde me fez crer novamente. Especialmente quando aquele rapaz e eu trocamos um leve sorriso. Por um instante resgatamos nossa humanidade. Redescobrimos os vínculos sociais. Por um lapso de tempo, reestruturamos nossa civilidade. Por um momento regressamos a esperança", escreve Rafael dos Santos da Silva, professor na UFC onde preside a CDH/UFC. Doutor em sociologia e autor do livro A Dinâmica Social da Pobreza.

Eis o artigo.

Esses dias eu cruzava a cidade para algum compromisso pessoal. Na condução do meu carro havia um experiente chauffeur, que mesmo a despeito de sua aptidão ao volante se perdeu e acabamos numa rota pouca usual que nos colocava dentro de uma comunidade pobre na região central de Fortaleza.

Foi então que me deparei com cenas cortantes. A pobreza em todas as suas formas. A primeira delas, claro é a pobreza de quem precisa de pouco para ser feliz. Isso se revelava nos risos de uma dona de casa a varrer sua calçada; nas brincadeiras infantis entre crianças a dividir a rua com os carros e até mesmo no jovem com trajes de trabalhador ao apaziguar o ambiente com um largo sorriso. Eles me lembraram que precisamos de pouco para sermos felizes. Esse tipo de pobreza é bem vivida por quem evoluiu espiritualmente e sabe com perfeição driblar as dificuldades com a esperança infalível de dias melhores.

Contudo, meu olhar alcançou a outra vertente da pobreza. Aquela que condena, arrasta e destrói vidas. Desumaniza as pessoas e se impõe como método sobre os corpos negros, jovens e periféricos. É a pobreza estrutural que ceifa a dignidade e a civilidade das pessoas. Negando-lhes quase tudo até capturar suas mentes ofertando-as à marginalidade.

Este tipo de pobreza deixa-se transparecer a partir das casas apinhadas uma sobres as outras, como se lêssemos Aloízio de Azevedo nas páginas do O Cortiço. Os tetos das casas juntam-se e as paredes servem de suporte mutuo de tal forma que a estética chega a confundir o fim de uma e o começo da outra. As ruas estreitas estão sempre brejadas pelos esgotos fétidos. Enquanto as calçadas irregulares servem de abrigo tanto ao andarilho fagueiro quanto ao jogador de domino.

Em seguida, vi os trajes daquela gente denunciar a precariedade de seus recursos. Seus pés descalços ignoravam o asfalto tórrido, mas antes são ignorados por um acesso mínimo que lhes garantam um conforto primário diante à hostil temperatura. A poeira levantada pela vassoura da senhora alegre empenhada a zelar a frente de seu “palacete”, quase fazia sumir os detalhes das cores fortes das paredes contrastadas a um velho prosélito a frente de uma igreja protestante.

Com observação aguçada foi possível alcançar um casal fazendo uso de um telefone público. O que revela que a telefonia móvel e a rede de internet, mesmo que seus cabos ultramarinos cheguem da Europa, USA e África, à poucos quilômetros dali, ainda não lhes são lhes.

Fiquei sabendo que neste tipo de localidade as ruas são apinhadas de gente por uma razão simples: muitas vezes as casas não suportam a presença de todos os membros da família de uma vez só. Então, ao nascer do sol, acordados pelo calor e açodados pela luz que penetra o barracão, as pessoas põem-se de pé e vão às ruas como se fosse uma extensão de seus lares. Lá dividem espaço com o trânsito local, com o vendedor de picolé, com o comerciante de muambas e até com o transporte coletivo que seguramente está ali somente para levar e trazer a mão de obra para os bairros nobres. Mas a divisão territorial é também com os desfiliados.

Quem são essas pessoas?

Não quero usar meu sociologuês habitual, mas chamo de desfiliados(as) àquelas pessoas que sendo vítimas da pobreza extrema romperam os vínculos sociais de tal forma que já não são mais capazes de manter a coesão com suas comunidades de base. Tais pessoas são expostas as dinâmicas perversas da fome e violência urbana. Tragadas pelo crime, só querem garantir o único desejo que lhes restam: o vício da droga. Este processo, possivelmente, foi no começo uma fuga para esquecer os problemas. Depois, se tornou uma hipótese à saída deles. No final, acabou se tornando o principal problema. Sem que se percebesse o pobre foi sendo moído pelo processo de empobrecimento material e moral.

Mesmo nas comunidades mais simples esses sujeitos habitam os guetos. Dividem espaços com os lixões, e não raras às vezes são vistos utilizando água dos esgotos para realizar seus asseios. Possivelmente figuram na escuridão das estreitas ruelas a cortar os casebres comunidade à dentro. Chamam atenção apenas, se e somente se, causarem algum desconforto coletivo.

Mas, calhou de o ônibus atravessar o carro onde eu estava justamente na saída da comunidade. A minha frente havia um ambiente insólito onde um amontoado de lixo tornava a vida quase insalubre. Ao lado, um rapaz tratava com certa naturalidade o cadáver de um animal, possivelmente para servir de tira-gosto, pois o ambiente lembrava um barzinho. No centro do lixão um jovem rapaz quase catatônico lançou-me um olhar desalmado. Sem alma. Um olhar gélido, sem compromisso, mas ainda assim me alcançou. Ele estava na periferia da periferia.

A baixa velocidade do carro permitiu que nos cumprimentássemos com um aceno de cabeça. Ele e eu ficamos silentes como que se tentássemos nos reconhecer. Por um período ele deixou de catar o lixo, e eu ali preso à cena deixei-me sorrir. Lembrei do Papa Francisco ao recomendar pelo menos um sorriso ao pobre, justificando ser este, talvez o único gesto de afeto que ele acessaria naquele dia.

Aquela gente humilde me fez crer novamente. Especialmente quando aquele rapaz e eu trocamos um leve sorriso. Por um instante resgatamos nossa humanidade. Redescobrimos os vínculos sociais. Por um lapso de tempo, reestruturamos nossa civilidade. Por um momento regressamos a esperança.

Segui meu caminho, lembrado a canção Gente Humilde interpretada por Chico Buarque, mas trouxe comigo a potência do olhar do pobre.

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