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 A alma da pobreza é política

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11 Novembro 2020

"Francisco, assemelhado ao santo de quem herda o nome, não cessa de jogar luz ao problema da pobreza no mundo. Ele tem sido a expressão de uma liderança incansável e ousada que não perde a oportunidade de tensionar politicamente a economia que mata e a cultura do descarte", escreve Rafael dos Santos da Silva, professor da Universidade Federal do Ceará - UFC e doutorando em sociologia pela Universidade de Coimbra.

Eis o artigo. 

A frase que dá título a esse texto deriva de um potente pensamento de Herbert de Souza utilizada para impulsionar uma campanha nacional contra a fome. Na sua sabedoria, Betinho sentenciou: “a alma da fome é política”. Um dos fundadores do IBASE foi felicíssimo aos nos fazer enxergar o tamanho do problema a partir de uma síntese tão peculiar. No entanto, observe que substituo a palavra “fome” por “pobreza” para igualmente denunciar que a alma da pobreza é essencialmente política. Não faço isso isoladamente, o Papa Francisco tem emprestado seu pontificado à está trincheira na luta contra a pobreza.

Incialmente convém lembrar o sentido da palavra “alma”. Está deriva do Latim “animus” atribuída pelos antigos como sendo aquilo que dá vida, e na tradição judaico-cristã se inscreve no sentido do movimento da mente e do coração, aquilo que dá força e mobilizar. Compreender essa etimologia é fundamental para orientar a resposta a seguinte pergunta: O que é pobreza? Do ponto de vista etimológico a palavra deriva do latim e significa pouco. Do ponto de vista semântico exige uma reflexão mais profunda que gostaria de expor agora.

Para isso, recorro a uma expressão do Papa Francisco que joga luz a questão: “é preciso uma igreja pobre para os pobres.” Nesta pequena sentença, está sintetizada a nossa reflexão central. Senão vejamos, a primeira vez que a palavra “pobre” aparece na frase é na forma de um adjetivo, ou seja, aquilo que dá qualidade ao sujeito. No caso, Igreja. Nesse contexto, a Igreja deve viver com pouco, se prender a pouco. Justamente para observar aquilo que Sêneca já havia alertado como forma de distinguir a pobreza enquanto condição para se alcançar o sagrado. A pobreza nesta expressão ganha uma dimensão espiritual, sobretudo, a partir da ideia do equilíbrio e da liberdade, portanto insígnia do valor humano. Foi bem isso que retratou Albert Tévoédjrè ao afirmar que: “equilibrado seria o indivíduo que não tendo mais do que o necessário conseguiria conservar integra a própria liberdade." Portanto, viver com pouco é deixar a porta aberta para a liberdade.

Na segunda vez que a palavra pobreza aparece na frase do Papa é para denotar sua expressão política. Aqui surge a pobreza como substantivo, ou seja, quando a palavra ganhar materialidade a revelar aquilo que efetivamente à compõe. Trata-se do aspecto de indigência da pobreza associada as condições materiais da vida prática. A pobreza, portanto, como fruto das decisões e escolhas políticas.

Foi nessa dimensão que ainda no século IV a Europa começou a perceber os desdobramentos dos aspectos da pobreza e da indigência com efeito de contradição entre a riqueza e a indigência. O historiador francês Michel Mollat sustenta em sua obra “Os Pobres na Idade Média” que diante desta realidade, a distribuição da riqueza material era mediada pelo contraste da fé, uma vez que o pobre [o miserável] era a própria expressão do Cristo. Dessa forma, a tradição cristã foi se inscrevendo, ao seu modo, na vanguarda da compreensão central sobre o real enfrentamento à pobreza. Tomás de Aquino - valendo-se dos símbolos, recorrendo as míticas e apelando a moral eclesiástica - atribuía ao papel cristão, a tarefa de corrigir as desigualdades sociais. A pobreza material finalmente era percebida com um mal maior e consequência da injustiça.

Mas foi somente com Francisco de Assis e Domingos, fundador da ordem dominicana, que a tensão contra a pobreza ganhou aspectos políticos, pois eles inseriram uma novidade elementar em suas vocações. Segundo eles “o cristão não deve apenas cuidar dos humilhados, se opor a avareza dos poderosos, mas devolver ao pobre a possibilidade da reintegração social.” Mollat retrata que a visão futurista daqueles religiosos sobre a pobreza se desligava da visão comum e meramente espiritual, para pela primeira vez, ser relacionada a elementos sociais concretos, portanto políticos. Tal movimento permitiu a retirada de uma imensa trave sobre os olhos da sociedade medieval que agora não era apenas capaz de localizar o indivíduo no tecido social, pela misericórdia, mas principalmente compreender as causas fundamentais que lhe tornavam miseráveis. Por tanto, a pobreza observada em Francisco e Domingos, possuía uma alma, e ela era política.

Depois de 800 anos, já no conhecido século do automóvel, a sociedade tecnológica assiste a uma crise da pobreza sem precedentes. O pensador brasileiro Josué de Castro atribuiu um sentido explicativo a esse processo ao afirmar que no mundo moderno “existem 2/3 da humanidade que não dormem por sentir fome, e 1/3 que não dorme por medo dos que sentem fome.” Tal afirmação se evidencia ainda mais na realidade urbana, de tecnologia avançada e mercado globalizado. Por que, mesmo diante de tamanho progresso a humanidade ainda não topou com um sistema econômico equilibrado capaz de saciar a fome das pessoas independente de seu estrato econômico, de sua condição política ou de sua origem social.

É exatamente está reflexão que o Papa Francisco visa responder com a potência do seu pontificado. Francisco, assemelhado ao santo de quem herda o nome, não cessa de jogar luz ao problema da pobreza no mundo. Ele tem sido a expressão de uma liderança incansável e ousada que não perde a oportunidade de tensionar politicamente a economia que mata e a cultura do descarte.

Tudo começou nos primeiros meses do seu pontificado quando por iniciativa sua foi ao litoral de Lampedusa, local conhecido por recepcionar os imigrantes fugidos da África. A Cruz utilizada na celebração daquele dia era feita com os restos de madeiras dos barcos dos imigrantes. Simbólico? Sim, mas não só. Sua chegada ao Brasil foi marcada por muito entusiasmo. Não só mandou substituir o carro luxuoso que deveria lhe servir, como pediu para se reunir com os pobres na favela. E lá, ao contrário de um encontro medieval, falou a língua dos pobres: “vamos botar água no feijão.” Se fez um de deles, para efetivamente se fazer entender.

Incansável, Bergoglio foi ao encontro dos movimentos sociais em La Santa Cruz de La Sierra – Bolívia, em 2015, onde expões com veemência toda sua vontade para lutar contra tudo aquilo que gera pobreza. Para Francisco é urgente “reconhecer que precisamos duma mudança.” Mas para onde? Para um lugar onde não tenha “camponeses sem terra, famílias sem tecto e trabalhadores sem direitos.” Para onde não haja “tantas pessoas feridas na sua dignidade.” Em síntese, uma mudança necessária para garantir os 3T “terra” “teto” “trabalho”.

Francisco age nas frentes concreta e simbólica. Dedicou suas últimas encíclicas – Laudato Sì' e Fratelli Tutti – para denunciar tudo que causa pobreza. Determinou que a esmolaria vaticana garantisse roupas limpas aos moradores de rua em Roma, e inclusive uma renda temporária para os travestis, que durante a pandemia ficaram sem trabalho. Isso para não falar da convocação aos jovens, acadêmicos e empreendedores à cidade de Assis para discutir uma nova economia.

Mas é no 33º domingo do tempo comum da liturgia católica que ocorre seu gesto mais simbólico. Francisco recupera uma antiga tradição dos padres franceses e instituí a partir de sua carta - misericoria et misera - o dia mundial do pobre e contra a pobreza. É a própria expressão de Santo Agostinho ao narrar a misericórdia diante da miséria. Com isso, põe a um só tempo na agenda oficial, sobretudo na liturgia da Igreja Católica Romana a reflexão/ação, não apenas sobre a pobreza, mas efetivamente sobre suas causas. Desta forma joga luz aos mais vulneráveis, aos últimos dos últimos, aqueles que Paulo Freire identificou como os esfarrapados do mundo. O dia do Pobre e contra a pobreza é um dia de festa. O Estado do Vaticano abre suas portas para 1500 pessoas em situação de pobreza extrema. Ali é servido o melhor banquete e a cerimônia é a mesma ofertada aos chefes de Estado. Os pobres assumem o protagonismo em sua casa e a igreja recupera sua origem.

Esse ano, o dia mundial dos pobres irá acontecer no dia 15 de Novembro, data bastante peculiar para nós brasileiros, porque de igual modo teremos a possibilidade de influenciar no enfrentamento da pobreza via processo eleitoral. Atenção para um voto “pobre” para o “pobre”. Vote precisando de pouco, lance mão apenas do necessária e seja livre. Votar com a liberdade do pobre é topar com o modelo de Francisco de Assis e de Roma.

Nesse momento, perceberemos que a essência da pobreza é política.

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