14 Outubro 2022
A décima edição do Boletim Desigualdade nas Metrópoles mostra que no segundo trimestre de 2022, a renda domiciliar per capita do trabalho chegou a R$1.518,35 nas áreas metropolitanas do país. Os dados divulgados pelo IBGE na PNAD Contínua são somente da renda do trabalho, que inclui também pessoas que estão no mercado informal. Entre o primeiro e o segundo trimestres de 2022 houve aumento de 4,8% na renda domiciliar do trabalho. Em que se trate da mais expressiva variação positiva da renda desde o início da pandemia, o valor ainda é 6,5% menor do que aquele encontrado no início de 2020.
A informação é publicada por Observatório das Metrópoles, 13-10-2022.
De acordo com Andre Salata, coordenador do estudo, uma das explicações para os resultados apresentados no boletim é a recuperação do mercado de trabalho, no sentido de uma redução da desocupação. "As taxas de desocupação vêm diminuindo ao longo dos últimos trimestres e junto a isso há o arrefecimento do processo inflacionário, que estava muito forte desde meados de 2021", ressalta.
Para o futuro: variáveis de inflação e desocupação
Conforme o pesquisador, de algum modo estão sendo colhidos os "benefícios" do aumento das taxas de juros, justamente o controle da inflação, mas, por outro lado, um dos possíveis efeitos colaterais é a redução da atividade econômica. O momento é de recuperação da crise da pandemia, porém a redução da inflação está atrelada à estratégia de aumento da taxa de juros. "E isso vai se refletir, mais à frente, em redução da atividade econômica e, possivelmente, em aumento da taxa de desocupação. E isso tem efeito na renda do trabalho das famílias", adverte.
O que precisa ser feito
Para Salata, é fundamental o Estado agir no sentido de incentivar e encorajar a atividade econômica para a criação de empregos no mercado formal, com investimentos em infraestrutura e setor de habitação. Em segundo lugar, o controle da inflação, que é um desafio, pois se trata de uma questão fiscal. "Você tem que conseguir incentivar a atividade econômica, mas ao mesmo tempo tendo responsabilidade fiscal", relata. E, por fim, na medida em que se consiga recuperar a atividade econômica, recuperar também a política de valorização real do salário-mínimo, que foi uma das principais causas do aumento da renda das famílias para a redução das desigualdades que ocorreram há alguns anos.
Confira na íntegra o "Boletim Desigualdade nas Metrópoles nº 10".
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Desigualdade nas metrópoles: renda melhora, mas ainda é menor que no período anterior à pandemia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU