05 Setembro 2025
"A cultura patriarcal é preconceituosa (logo, excludente) e legitima a violência como modus operandi social. Diante desse universo de desigualdades de todas as espécies, vivemos arrebatadas por demandas e rotinas que nos apartam daquilo que, de fato, dá sentido e propósito à nossa existência. E falo, aqui, de uma conexão com o que há de mais essencial na vida de uma mulher: a energia feminina".
O artigo é de Lúcia D. Torres, criadora do coletivo Tendas e Clãs do Sul.
Eis o artigo.
O atual paradigma vigente, que enfatiza apenas os aspectos materiais e nos desconecta dos aspectos subjetivos, é um dos principais fatores na manutenção da superficialidade e imediatismo do mundo atual. A ilusão da separatividade afeta-nos profundamente, sendo a origem de vários desequilíbrios ecológicos e psicossomáticos. O exílio da energia feminina do nosso cotidiano tornou-se um grave sintoma que desestabiliza a humanidade como um todo, mas, especialmente, a nós mulheres.
A cultura patriarcal é preconceituosa (logo, excludente) e legitima a violência como modus operandi social. Diante desse universo de desigualdades de todas as espécies, vivemos arrebatadas por demandas e rotinas que nos apartam daquilo que, de fato, dá sentido e propósito à nossa existência. E falo, aqui, de uma conexão com o que há de mais essencial na vida de uma mulher: a energia feminina. Não se trata de características físicas, padrões de beleza ou autocuidado – padrões impostos por uma sociedade que nos vê apenas como "o oposto ao masculino" nas palavras de Rilke. Falo do que de fato nos constitui enquanto humanos que somos.
Lúcia Torres (Foto: Arquivo Pessoal)
O feminino nos convida ao silêncio e à escuta profunda, características que fazem-nos acessar a empatia, a receptividade que vem da alma. Dessa maneira, conseguimos nos conectar à energia do amor, da solidariedade, da cooperação, do reconhecimento das nossas imperfeições e vulnerabilidades. Isto nos permite reconhecer laços e vínculos profundos que vão além da biologia: tornamo-nos filhas, irmãs, mães e avós umas das outras.
O resgate do feminino em nós, mulheres, possibilita ressignificar nossa trajetória pessoal e nos leva além da dualidade: dissolvemos a competição imposta pela cultura quando nos enxergamos como um coletivo diverso e, por isso mesmo, potente e alquímico. Vale ressaltar que esta é uma tarefa para homens e mulheres do século XXI. Afinal, somente quando o feminino estiver presente no dia a dia, poderemos construir um novo jeito de ser e de estar, em um mundo mais amoroso, cooperativo e inclusivo.
Há mais de 30 anos, vivemos neste "laboratório" onde milhares de mulheres já passaram pelas atividades propostas pelo coletivo Tendas e Clãs Do Sul. Ao acolher cada passo de suas trajetórias pessoais, puderam fazer outras escolhas com maior consciência. Isto impacta diretamente na sua postura diante dos desafios atuais. Assim, nos reconhecemos como cidadãs planetárias e fazemos a nossa parte para que as próximas gerações encontrem uma sociedade diferente daquela que nos foi legada.
Uma pequena amostra do universo "tendeiro" que nossa comunidade tece e sustenta estará sendo partilhado no palco do Teatro da Unisinos, no dia 12 de setembro, no Ecosys (un)Summit. Gratuito, o evento é um verdadeiro respiro nas práticas cotidianas e nos fará transcender sob a ótica de três áreas que acompanham a humanidade na sua busca por produção de sentido: ciência, arte e espiritualidade.
Sobre o evento
📅 Data: 12 de setembro de 2025
🕘 Horário: 09h – 19h
📍 Local: Teatro Unisinos - Av. Dr. Nilo Peçanha, 1600 - Boa Vista, Porto Alegre
📩 Faça sua pré-inscrição! Os convites são gratuitos e limitados.
Atenção: a pré-inscrição não garante acesso imediato ao evento. Sua vaga será confirmada apenas após as etapas seguintes de inscrição e confirmação.
⚠️ A pré-inscrição ao Ecosys (un)Summit pode ser feita aqui.
⚠️ Mais informações estão disponíveis no site do evento.
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