27 Agosto 2025
"Estarrecidos", "horrorizados", "chocados". Um verdadeiro dicionário de indignação e consternação está tomando forma em todo o mundo diante da mais recente explosão sangrenta, transmitida ao vivo, do complexo hospitalar Nasser, em Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza, provocada por dois ataques israelenses e resultando na morte de 20 pessoas, entre as quais cinco jornalistas.
A reportagem é de Alessandro Colombo, publicado por La Stampa, 26-08-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.
Um dicionário em contínua e dramática atualização, assim como as imagens que chegam diariamente de Gaza e que parecem não ter fim. As declarações de condenação se sucedem como um longo cortejo de repulsa.
"Estamos estarrecidos com o que está acontecendo em Gaza apesar da condenação do mundo inteiro", enfatizou o secretário de Estado do Vaticano, Pietro Parolin, de Nápoles. "Também aqui, parece que atualmente não há nenhum vislumbre de esperança para uma solução e que a situação está se tornando cada vez mais complicada, especialmente do ponto de vista humanitário." As declarações do cardeal são ecoadas pelas palavras do ministro das Relações Exteriores italiano, Antonio Tajani, que – ao final de sua audiência com o Papa Leão – voltou sua atenção para os jornalistas assassinados. "Nossa posição sobre a liberdade de imprensa não muda, acreditamos que se deve garantir a segurança dos jornalistas, e que os jornalistas devem poder realizar seu trabalho também na Faixa de Gaza." Seguem-se as tomadas de posição de várias chancelarias europeias. "É intolerável", declara o presidente francês, Emmanuel Macron, solicitando que Israel "respeite o direito internacional. Civis e jornalistas devem ser protegidos em todas as circunstâncias.
A mídia deve poder exercer sua missão com liberdade e independência para cobrir a realidade do conflito." O ministro das Relações Exteriores britânico, David Lamy, intervém de Londres. "Estou horrorizado com o ataque israelense contra o Hospital Nasser. Civis, profissionais de saúde e jornalistas devem ser protegidos", afirma, reiterando o pedido "por um cessar-fogo imediato". Por sua vez, a Alemanha afirma estar chocada “com o assassinato de vários jornalistas, socorristas e outros civis. O ataque deve ser objeto de uma investigação”, escreve o Ministério das Relações Exteriores da Alemanha num post no X, pedindo a Israel que “autorize o acesso imediato à mídia internacional independente e garanta proteção aos jornalistas que trabalham em Gaza”.
Condenação também do governo espanhol. “O ataque israelense de hoje contra um hospital de Gaza e contra jornalistas, as mortes que causou, a fome induzida, são violações gravíssimas do direito internacional humanitário”, afirma o ministro das Relações Exteriores da Espanha, José Manuel Albares, reiterando que “a guerra em Gaza deve terminar agora”. Também se soma o presidente finlandês, Alexander Stubb, definindo a situação em Gaza como catástrofe humanitária que equivale a um fracasso da humanidade e que as ações de Israel na Faixa de Gaza violam o direito internacional.
Firme também a condenação do secretário-geral da ONU, António Guterres, que pede uma investigação imediata e imparcial. "Esses últimos e horríveis assassinatos evidenciam os riscos extremos que profissionais da saúde e jornalistas enfrentam ao realizar seu trabalho vital neste conflito brutal", afirma seu porta-voz, Stéphane Dujarric. A declaração de Donald Trump é mais lacônica. "Não estou feliz com isso. Precisamos acabar com esse pesadelo", ressalta o chefe da Casa Branca, acrescentando, em resposta a uma pergunta sobre a fome em Gaza: "Ninguém se lembra do 7 de outubro, mas, dito isso, precisa acabar".
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