22 Agosto 2025
Existe uma regra antiga na diplomacia: quando não se quer que avance uma negociação sobre a substância, se transfere a negociação sobre o processo. Essa é a abordagem da Rússia, negociando nas negociações para ganhar tempo enquanto avança no campo. A diplomacia torna-se um prolongamento da guerra: o calendário substitui a estratégia, sempre em benefício de quem ocupa terreno.
A reportagem é de Ettore Sequi, publicada por La Stampa, 21-08-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.
No plano político, o processo iniciado pelas duas cúpulas — Alasca entre Trump e Putin, Washington entre Trump, Zelensky e os principais líderes europeus — continua sendo frágil e repleto de obstáculos. São quatro.
Primeiro, a cúpula Putin-Zelensky, defendida por Trump, ainda é incerta e corre o risco de ser um gesto imposto em vez de um passo em direção à paz. Moscou não reconhece a legitimidade de Zelensky e usaria o encontro presencial para reiterar seu ultimato. Para o Kremlin, a Ucrânia continua sendo um Estado artificial, Zelensky um presidente ilegítimo e a guerra um jogo por procuração contra o Ocidente.
Segundo: a "troca de terras" é incompatível com a segurança ucraniana e com a arquitetura europeia; entregaria ao Kremlin o controle do Dnipro e de linhas de defesa vitais, também em vista de futuras novas agressões.
Terceiro: a unidade transatlântica é real nas declarações, menos nos meios. Sem uma pressão estadunidense coerente, Moscou não tem incentivo para ceder.
Quarto e mais crucial: a definição de garantias de segurança ainda é nebulosa. Quanto mais vagas, maior o risco de uma paz aparente e de uma guerra adiada. Discutiram a esse respeito ontem os chefes do Estado-Maior da OTAN, cientes de que, para Kiev, nenhuma concessão territorial é possível sem garantias absolutamente vinculantes. Quanto mais amplas as renúncias, mais rigorosas devem ser as salvaguardas.
Garantias sem empenhos claros e vinculantes são apenas declarações.
Aqui se abre a questão mais delicada: o que torna uma garantia "verdadeira"? Cinco critérios: clareza, vínculo jurídico, meios dedicados, verificabilidade e automatismos de resposta. Todo o resto é diplomacia cosmética. O Memorando de Budapeste de 1994 – promessas políticas em troca da renúncia nuclear da Ucrânia – é a prova cabal do que não funciona. Repetir o erro seria gravíssimo.
As opções na mesa oscilam entre dois polos. De um lado, um empenho "tipo Artigo 5" fora da OTAN: uma cláusula ad hoc de defesa coletiva envolvendo os países garantidores. Mas é preciso deixar claro: o Artigo 5 não obriga à intervenção armada. Deixa a cada um a escolha dos meios. Em caso de agressão russa, as opiniões públicas de França, Itália, Alemanha ou outros países garantidores aceitariam o envio de suas próprias tropas para a Ucrânia? Há também a ideia franco-britânica de uma "força de segurança" europeia na retaguarda, apoiada por cobertura e aérea e naval e inteligências ocidentais, além de um robusto pacote de treinamento e munições.
Sem empenhos precisos e rigorosos e regras de engajamento definidas, no entanto, essas garantias continuam sendo de papel machê: convidam o Kremlin a testar seus limites com violações graduais.
Os Estados Unidos excluíram suas próprias tropas no campo. Podem fornecer ISR, defesa aérea, guerra eletrônica, defesa antidrones, logística e indústria bélica. É muito, mas não é suficiente: sem um forte empenho dos EUA e obrigações europeias claras, as garantias continuam sendo promessas escritas na água.
A escolha não é entre guerra e paz, mas entre uma paz armada garantida e uma guerra adiada disfarçada de acordo. A primeira requer automatismos sancionatórios, monitoramento internacional, linhas vermelhas funcionais (acesso ucraniano ao Dnipro e aos corredores para o Mar Negro) e um mecanismo que imediatamente eleve os custos para Moscou em caso de violação. A segunda se reconhece imediatamente: promessas vagas, garantias sem recursos, verificações sumárias, fórmulas abertas à interpretação do mais forte.
Negociações verdadeiras só são possíveis se acompanhadas de garantias efetivas, verificáveis e duradouras.
Caso contrário, toda negociação se torna o prelúdio de um conflito mais amplo. Para a Ucrânia, qualquer compromisso só é sustentável com um sistema de segurança sólido e irreversível; para a Europa, sua credibilidade está em jogo; para os Estados Unidos, a liderança da ordem que construíram. Todo o resto é processo. E o processo por si só não detém os tanques.
A China se movimenta na borda externa. Ela quer que Moscou seja resiliente, mas subordinada, uma alavanca contra Washington, mas não à custa de desestabilizar mercados ou unir o Ocidente. Pequim visa desempenhar o papel de uma grande potência, interessada em participar na definição de esferas de influência. A ideia russa de uma força de interposição com chineses, indianos ou brasileiros serve mais para confundir e tomar tempo do que para estabilizar: um teatro para afirmar uma "ordem não eurocêntrica" sem assumir ônus reais. A tentação de um "Kissinger às avessas" — uma détente entre Washington e Moscou para afastar o Kremlin de Pequim — ainda é uma miragem.