08 Agosto 2025
A reportagem é de José Lorenzo, publicada por Religión Digital, 08-08-2025.
Em 11-02-2013, o Papa Bento XVI chocou a Igreja Católica ao anunciar sua renúncia, que entraria em vigor no dia 28 daquele mês. Ele não tinha forças para continuar. Aliás, mais tarde, confessaria ao seu biógrafo que mal dormia desde a Jornada Mundial da Juventude em Colônia, em agosto de 2005, 20 anos antes, poucos meses depois de suceder João Paulo II como Papa.
Quase ao mesmo tempo que ele tornou pública sua histórica renúncia, começaram as especulações sobre as causas últimas dela, pois sempre houve um círculo crédulo de teorias da conspiração que viam nessa decisão cuidadosamente pensada motivações obscuras, se não tramas, que continuariam durante todo o pontificado de Francisco.
Agora veio a público uma carta datada de 2014, na qual o papa alemão, falecido em 2022, havia escrito ao teólogo italiano Nicola Bux, que perguntou a Joseph Ratzinger sobre as dúvidas e incertezas que, em sua opinião, haviam ficado pendentes após sua renúncia.
E nessa carta, relatada por Katholisch, “o Papa Emérito rejeita firmemente a especulação de que ele nunca renunciou ou permaneceu no cargo como uma espécie de ‘antipapa’. Tais ideias são ‘absurdas’ e contradizem o ‘claro ensinamento dogmático-canônico’ da Igreja. Qualquer um que afirme o contrário ‘não é um verdadeiro historiador nem um verdadeiro teólogo’. O Papa Emérito também considera infundadas as advertências de um cisma eclesiástico progressivo contidas na carta”.
"A afirmação de que, com a minha renúncia, 'renunciei apenas ao exercício do cargo e não também ao múnus' contradiz uma clara doutrina dogmática e canônica (...). Quando alguns jornalistas falam de um 'cisma progressista', eles não merecem atenção", escreve Ratzinger.
Embora a existência desta carta já fosse conhecida, Bux agora a publicou como apêndice, incluindo uma fotocópia do original, no livro "Realidade e Utopia da Igreja", relata o Kath.net.
Durante o mandato de Francisco (2013-2025), a legitimidade de seu pontificado foi repetidamente questionada na Itália, especialmente por grupos conservadores e tradicionalistas, como aponta Katholisch, com alguns alegando que Bento XVI não renunciou voluntariamente em 2013, mas foi pressionado ou impedido de exercer seu cargo.
Segundo essa teoria, o papado não estava realmente vago e, portanto, Francisco não era o chefe legítimo da Igreja. Agora tudo foi esclarecido. Mas, para alguns, ainda não será suficiente.