07 Agosto 2025
A decisão do governo dos Estados Unidos de cancelar cerca de US$ 500 milhões em investimentos em vacinas de RNA mensageiro (mRNA) gerou forte indignação entre especialistas em saúde pública e pesquisadores. Muitos destacam que a tecnologia foi essencial para o rápido desenvolvimento de vacinas durante a pandemia de Covid-19, salvando milhões de vidas.
A reportagem é publicada por Rfi, 06-08-2025.
“É uma decisão política que ignora evidências científicas robustas”, afirmou à Rádio Canadá a imunologista Dr. Lisa Nguyen, da Queen's University, que participou de estudos clínicos com vacinas de mRNA.
O Prêmio Nobel de Medicina de 2023, concedido a Katalin Karikó e Drew Weissman por suas descobertas sobre o RNA mensageiro, foi lembrado por diversos cientistas como prova do valor da tecnologia. “Negar a eficácia do mRNA é negar um dos maiores avanços da medicina moderna”, declarou o virologista Dr. Anthony Brooks, da Universidade Johns Hopkins.
O anúncio foi feito na terça-feira (5) pelo secretário de Saúde, Robert F. Kennedy Jr., conhecido por suas posições antivacina. Segundo ele, os dados científicos analisados indicam que os imunizantes de mRNA “não protegem de forma eficaz contra infecções das vias respiratórias superiores, como a Covid-19 e a gripe”. Kennedy Jr. também questionou a segurança da tecnologia e afirmou que os recursos serão redirecionados para “plataformas vacinais mais seguras e amplas, eficazes mesmo diante de mutações virais”.
A medida implica na suspensão de 22 projetos de desenvolvimento de vacinas mRNA, sob responsabilidade da Biomedical Advanced Research and Development Authority (Barda), agência federal que teve papel crucial durante a pandemia. Empresas como Moderna, Pfizer, Sanofi, CSL Seqirus e Gritstone estavam entre as beneficiárias dos fundos agora suspensos.
Filho do senador assassinado Robert F. Kennedy, o atual secretário de Saúde americano tem promovido uma revisão profunda da política vacinal americana, alinhada à sua postura crítica em relação às vacinas. A decisão ocorre em meio a uma crescente onda de desinformação e ceticismo científico nos Estados Unidos, que tem impactado a confiança pública em imunizações.
Apesar das críticas, o Departamento de Saúde afirma que continuará financiando pesquisas por meio de outras agências não afetadas pela medida.