06 Agosto 2025
A nova ameaça de Donald Trump à UE. Depois de Bruxelas ter se curvado ao presidente americano e aceitado um acordo tarifário com um imposto de 15% sobre produtos importados da UE, o magnata ameaçou nesta terça-feira aumentar o valor para 35% caso os 27 países da UE não cumpram o acordo. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, prometeu investir US$ 600 bilhões em compras dos Estados Unidos. Mas a realidade é que a UE não pode ditar às empresas europeias onde gastar seu dinheiro.
A reportagem é de Antónia Crespí Ferrer, publicada por El Diario, 05-08-2025.
O presidente dos EUA fez a ameaça contra a UE apenas 48 horas antes das novas tarifas entrarem em vigor nesta quinta-feira, e sem que nenhum acordo, incluindo os detalhes dos pactos, tenha sido publicado.
"Eles reduziram as tarifas. Pagaram US$ 600 bilhões, então eu reduzi as tarifas de 30% para 15%, e alguns países vieram até mim e perguntaram: 'Como é que a UE paga menos do que nós?' E eu disse: 'Porque eles me deram US$ 600 bilhões'", explicou Trump em entrevista à CNBC na terça-feira.
Vale ressaltar que, embora Trump fale em uma redução de 30% para 15%, a verdade é que a guerra comercial com os europeus começou com um imposto de 20%. Logo depois, o republicano aplicou sua estratégia de elevar as apostas ao máximo e começou a ameaçar implementar tarifas de 30%, o que nunca se concretizou. Mesmo assim, a ameaça de 30% serviu para retratar Trump como um líder leniente. Mas uma redução real de 15% nunca ocorreu; foi de apenas 5%.
O presidente afirmou que, com os US$ 600 bilhões prometidos pela UE, ele pode fazer "o que quiser". "A questão é esta: US$ 600 bilhões para investir no que eu quiser, qualquer coisa. Posso fazer o que quiser com esse dinheiro", disse ele à CNBC. Embora, como era de se esperar, não seja tão simples quanto o republicano afirma. O acordo de US$ 600 bilhões não é um cheque em branco que Trump recebe da UE, mas sim uma série de acordos de investimento e gastos para produtos energéticos dos Estados Unidos.
Trump também afirmou nesta terça-feira que as tarifas sobre importações de produtos farmacêuticos poderiam chegar a 250%, após o representante da Casa Branca ter alertado 17 empresas do setor na semana passada sobre a necessidade de se comprometerem a reduzir os preços dos medicamentos no país. O magnata explicou que inicialmente imporá uma "pequena tarifa" sobre produtos farmacêuticos, mas que posteriormente, dentro de um ano ou um ano e meio, no máximo, poderá aumentar essa alíquota para 150% e depois para 250%. "Inicialmente, imporemos uma pequena tarifa sobre produtos farmacêuticos, mas em um ano — um ano e meio no máximo — ela aumentará para 150% e depois para 250%, porque queremos que os produtos farmacêuticos sejam fabricados em nosso país", comentou.
No início de julho passado, Trump já havia ameaçado impor tarifas pesadas às empresas farmacêuticas que não transferissem sua produção para os EUA, embora naquela época a tarifa que ele havia proposto fosse de 200%.