Agência de Proteção Ambiental dos EUA revoga 16 anos de políticas verdes: "Gases de efeito estufa não são prejudiciais"

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31 Julho 2025

Reviravolta da EPA sob Trump: a agência quer revogar a declaração científica do governo federal sobre os perigos dos combustíveis fósseis.

A reportagem é de Massimo Basile, publicada por La Repubblica, 31-07-2025.

Dezesseis anos de regulamentações, pesquisas e recursos sobre mudanças climáticas foram arquivados. Dezenas de estudos científicos foram jogados no lixo, enquanto a crise ambiental se agrava, os Estados Unidos queimam e registram um dos anos mais quentes dos últimos cem anos. Mas, sob o governo de Donald Trump, a cultura verde é um perigo, as mudanças climáticas uma "farsa", enquanto os combustíveis antigos representam o "tesouro da era de ouro dos Estados Unidos".

O ponto de virada

O governo dos EUA propôs revogar a declaração científica do governo federal sobre os perigos dos gases de efeito estufa. Trata-se de uma medida sem precedentes, que provocará batalhas e recursos judiciais, mas também prejudicará os Estados Unidos na luta contra as mudanças climáticas e a poluição. A decisão anula décadas de pesquisa e, se confirmada, após um período de sessenta dias durante o qual cidadãos, cientistas e grupos de defesa serão ouvidos, resultará na revogação da maioria das regulamentações ambientais pela Agência Federal de Proteção Ambiental (EPA). Esta é a tentativa mais forte do presidente Trump até o momento de revogar as restrições federais aos combustíveis fósseis e anular a batalha verde contra as mudanças climáticas.

A declaração de 2009 sob Obama

A chamada "descoberta de perigo", aprovada pelo governo Obama em 2009, apresentou um argumento completo sobre como as emissões humanas de dióxido de carbono, metano e outros gases de efeito estufa ameaçavam a saúde e o bem-estar humanos. Ela serviu de base para uma série de regulamentações ambientais, incluindo limites para emissões de usinas de energia e veículos. Revogá-la, disse o diretor da agência, Lee Zeldin, em março, significaria eliminar "o Santo Graal da religião das mudanças climáticas". Agora, o governo deu um passo em direção a esse objetivo.

"Havia tanta coisa naquela declaração", comentou Zeldin na terça-feira, "repleta de saltos mentais não contidos no texto ou nos precedentes da EPA". O Secretário de Energia, Chris Wright, que também esteve presente no anúncio, acrescentou que havia pedido a cinco cientistas "que não se intimidam com as políticas das mudanças climáticas" que conduzissem "uma avaliação honesta, confiável e baseada em dados e fatos" sobre o assunto.

Ambientalistas argumentaram que os cinco cientistas eram todos, ou em sua maioria, negacionistas das mudanças climáticas. A avaliação deles também passou por uma revisão interna pelo Departamento de Energia e pelos laboratórios nacionais, que Wright descreveu como "breve".

"Queremos pôr fim", acrescentou, "à cultura e à realidade orwelliana em que vivemos, onde as mudanças climáticas não são tratadas como ciência séria, mas como uma força política para silenciar e humilhar as pessoas". A EPA também propôs a eliminação de todos os limites de emissões de dióxido de carbono de carros e caminhões.

A proposta surge num momento em que cientistas alertam que o mundo está prestes a emitir gases de efeito estufa suficientes para tornar inevitável um aumento de mais de 1,5 grau Celsius em relação aos níveis pré-industriais, uma meta internacional de longa data que visa evitar os piores efeitos das mudanças climáticas.

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