15 Julho 2025
"A questão das prioridades na vida do padre já emergiu como uma 'questão séria' a ser abordada: o padre é chamado a fazer muitas coisas ao longo do dia, mas quais são as suas prioridades? O que é decisivo e o que é secundário?", escreve o padre Nico Dal Molin, em artigo publicado por Settimana News, 12-07-2025.
A terceira monografia da edição de 2025 da Revista de Espiritualidade Pastoral Prebyteri aborda o tema da oração, "mas com a intenção de refletir sobre as especificidades da oração sacerdotal. Percebemos a importância, em nosso tempo e para todos, de cultivar a vida interior; é do fundo do coração que o olhar com o qual nos apropriamos de nós mesmos, do nosso serviço ministerial, das pessoas que encontramos, experimentamos a generosidade, reconhecemos e interpretamos o que acontece 'dentro' de cada experiência particular". Reproduzimos o editorial da Presbyteri (março/2025) do padre Nico Dal Molin.
No rito da ordenação sacerdotal, o Bispo, dirigindo-se aos candidatos à Ordem, propõe cinco perguntas que, em essência, poderiam servir de roteiro para o caminho que todo sacerdote é chamado a empreender. A primeira diz respeito à disposição de viver plenamente o seu ministério em "fiel cooperação" com o Bispo e a serviço do povo de Deus. O segundo compromisso está ligado à consciência concreta de que a vida do sacerdote é dedicada prioritariamente ao ministério da Palavra e à proclamação do Evangelho. A terceira opção, proclamada perante o Bispo e toda a assembleia cristã, é viver intensa e fielmente a celebração da Eucaristia e o sacramento da Reconciliação. O quarto compromisso, portanto, merece ser relatado em sua totalidade, porque toca profundamente a vida cotidiana de um sacerdote.
O Bispo pergunta aos candidatos: "Desejais, juntamente conosco, implorar a misericórdia divina para o povo a vós confiado, dedicando-vos assiduamente à oração, como o Senhor ordenou?" "Sim, desejo", é a resposta dos ordenandos. A esses pedidos acrescenta-se um último que resume todas as perguntas anteriores. Exige a total disposição de fazer da própria vida um dom, uma oferta que, apesar da fragilidade das escolhas humanas, se enxerta na vida de Jesus, totalmente entregue pela salvação, libertação e cura de toda existência humana.
Não é por acaso que a resposta a esta pergunta é: "Sim, com a graça de Deus, sim".
Durante a visita do Papa Francisco a Palermo em 2018, durante a Missa em memória do Beato Pino Puglisi, ele concluiu sua homilia dizendo: "Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos" (Jo 15,13). Estas palavras de Jesus, escritas no túmulo do Padre Puglisi, lembram a todos que dar a vida foi o segredo da sua vitória, o segredo de uma vida bela. Hoje, queridos irmãos e irmãs, escolhamos também nós uma vida bela. Que assim seja.
A cada ordenação sacerdotal, fico cada vez mais impressionado e comovido com a sequência dessas perguntas, cujo valor e impacto concreto na vida de um padre só gradualmente, ao longo dos anos, podemos começar a compreender. Ao ouvi-las novamente, ou mesmo simplesmente relê-las, elas se tornam uma memória viva que questiona e desafia nossas vidas.
Dedicar-se "assiduamente" à oração, como solicitado no dia da ordenação, pode ser verdadeiramente o tempo dedicado ao cultivo do coração. Na medida em que abrimos espaço para momentos de autorreflexão e cuidado com o nosso interior, preparamo-nos para vivenciar e saborear os momentos de oração diária. Da mesma forma, na medida em que abrimos espaço para a oração, cuidamos de tudo o que há de mais profundo em nossos corações, tanto aqueles relacionados às nossas próprias experiências quanto aquelas coisas preciosas que nos foram confiadas ao acolher a vida dos outros. Cultivar o coração na oração significa aprender a acompanhá-lo com paciência, gentileza e respeito pelos caminhos da verdade, desfazendo-nos das muitas máscaras de fingimento que nos tentam a esconder o nosso verdadeiro eu.
"Foi o tempo que você desperdiçou com a sua rosa que a tornou tão importante", disse a raposa ao principezinho. "Foi o tempo que eu desperdicei com a minha rosa..." sussurrou o principezinho, para que se lembrasse.
Cultivar o coração, no contexto atual de inquietação e frenesi, de ambiguidade nas palavras e nas atitudes, é um desafio muito exigente. Exige a capacidade de combinar duas dimensões essenciais da vida: valorizar o que foi vivido (memória) e olhar além do momento presente (profecia).
A memória do que vivenciamos nos ajuda a entender o que acontece ao nosso redor, lendo e interpretando os sinais e acontecimentos da própria vida.
A profecia, entendida como um olhar que pode ir além do momento presente, exige que permaneçamos em uma atitude constante e vigilante de indagação. Na indagação reside tudo: a jornada, a luta, o desejo de ousar, os medos, as resistências e os obstáculos, os momentos de confusão e os de clareza, a força da comunhão e o risco da solidão, da tentação e da Graça.
Um dia, um discípulo pediu ao seu mestre uma palavra de sabedoria; o mestre disse: "Vá sentar-se na sua cela, e a sua cela lhe ensinará sabedoria". Nesse momento, o discípulo, quase com um toque de irritação, respondeu: "Mas eu não tenho uma cela, porque não sou monge". Mas o mestre respondeu docemente: "Claro que você tem uma cela; olhe para dentro de si mesmo e... você entenderá".
A memória e a profecia auxiliam na arte de cultivar os jardins do coração, olhando para dentro com coragem e verdade, com confiança e positividade. Elas nos ajudam a redescobrir a alegria de nos sentirmos conectados ao âmago mais profundo da natureza e da criação, dos outros e de nós mesmos, vivenciando em primeira mão a beleza do amor de Deus por nós. Viver dentro de nós mesmos abre o coração à oração.
Aprender a reentrar em si mesmo não é opcional; antes, é uma dimensão constitutiva da experiência do coração e da oração. Dentro de nós, existem duas forças que se opõem, às vezes de maneiras conflitantes e dramáticas: a força centrípeta e a força centrífuga. A primeira nos impele, no coração, a buscar espaços de escuta, de silêncio, de calma, de reflexão interior. A segunda nos empurra para fora de nós mesmos, em direção às mil coisas a fazer, à eficiência neurótica e paroxística, à visibilidade na qual encontramos gratificação, ao mundo das aparências que em um instante se consome e nos consome, deixando apenas um monte de cinzas em seu rastro: poderíamos chamá-lo de "a festa do efêmero", daquilo que Qohélet chama de hebel, sopro, vaidade das vaidades.
Essa qualidade efêmera que o escritor e poeta Hermann Hesse, Prêmio Nobel de Literatura em 1946, reinterpreta de forma surpreendente: "Assim, nossos corações se consagram com fidelidade fraterna a tudo o que foge e flui, à vida, não ao que é sólido e capaz de perdurar. Logo nos cansamos do que permanece, rochas em um mundo de estrelas e joias, nós, almas, bolhas de vento e sabão impelidas em eterna mudança".
Frequentemente, preferimos a força centrífuga; é mais fácil e imediata, exigindo menos esforço e fadiga. É a tentação generalizada do homem contemporâneo, que se encontra "fugitivo, deslocado e desorientado".
Muitos ícones bíblicos evocam essa experiência de admiração, senão de pavor, ao retornar a si mesmo para confrontar a própria verdade: Jonas, Elias, Judas e muitos outros fogem de si mesmos. Outras figuras bíblicas, no entanto, como Jó e Qoelet, Jeremias e Oseias, Pedro, Paulo e Maria Madalena, não fogem, mas aceitam o desafio de retornar a si mesmos, experimentando a opressão de um coração que experimenta sua própria fraqueza e fragilidade. Isso os reconcilia profundamente com suas vidas.
Há muitas pessoas que vivem sob o manto de chumbo de um ceticismo fatalista e resignado, onde a expressão mais recorrente é: "Não adianta, nada muda na minha vida, eu sou assim mesmo!". Essa resignação mina o poder sedutor do desejo e dos sonhos, enfraquece a força magnética dos ideais e relega a vida à implacável, porém generalizada, lei do conformismo e da mediocridade.
Cultivar o coração significa fazer a si mesmo um apelo forte e corajoso para voar novamente alto, para dar espaço aos próprios sonhos mais belos e apaixonados, e a oração se alimenta da força do desejo: "Ó Deus, tu és o meu Deus, eu te procuro de todo o coração, a minha alma tem sede de ti, a minha carne te deseja ardentemente numa terra seca e sedenta, onde não há água" (Sl 63).
Num texto curto, mas eficaz, do bispo Klaus Hemmerle e do teólogo Wilhelm Breuning, são propostas algumas prioridades que os sacerdotes devem ter em mente para viver com fidelidade e autenticidade a vocação e o ministério recebidos do Senhor.
A edição original deste texto foi publicada há vários anos, mas, relendo-o à luz dos desafios que os sacerdotes enfrentam hoje, suas propostas permanecem extraordinariamente atuais e relevantes. O desafio que ainda hoje se coloca, diante das mudanças estruturais e existenciais em curso, é, sobretudo, o de priorizar, esclarecer o que é decisivo e "obedecer" ao que é mais importante. As quatro primeiras prioridades indicadas pelos autores são:
Encontrar o equilíbrio entre o contato constante com o Senhor e o serviço missionário ao próximo é delicado e muitas vezes desafiador, pois é sempre um equilíbrio instável que precisa ser restabelecido dia após dia. Os Atos dos Apóstolos testemunham que os próprios apóstolos logo perceberam uma patologia que ameaçava seriamente seu ministério: "Então os Doze, convocando a multidão dos discípulos, disseram: 'Não é justo que nós negligenciemos a palavra de Deus e sirvamos às mesas. Portanto, irmãos, escolham dentre vocês sete homens de boa reputação, cheios do Espírito e de sabedoria, aos quais encarreguemos desta tarefa. Nós, porém, nos dedicaremos à oração e ao ministério da palavra'" (Atos 6,2-4).
A questão das prioridades na vida do padre já emergiu como uma "questão séria" a ser abordada: o padre é chamado a fazer muitas coisas ao longo do dia, mas quais são as suas prioridades? O que é decisivo e o que é secundário?
A oração é crucial porque é o outro lado da moeda da fé: a oração nasce da fé e se refere a ela (cf. Tg 5,15). Verificar o estado da própria oração significa, na verdade, verificar o estado da própria fé. "A oração é o sopro da fé, é a sua expressão mais específica. Como um grito que sai do coração de quem crê e se entrega a Deus". Com estas palavras, o Papa Francisco iniciou a sua catequese sobre a oração nas audiências de quarta-feira, a partir de maio de 2020.
Talvez seja o momento de repetir novamente como uma ladainha do coração: “Senhor, ensina-nos a rezar” (Lc 11,1).
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