Pré-candidato à Presidência é baleado na Colômbia

Foto: Wikimedia Commons

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09 Junho 2025

Senador de direita Miguel Uribe Turbay foi alvejado na cabeça num comício em Bogotá; seu estado é grave. Autoridades dizem que autor do atentado é um adolescente. Governo promete empenho para identificar mandante.

A informação é publicada por DW, 08-06-2025.

O senador Miguel Uribe Turbay, pré-candidato à presidência da Colômbia, foi gravemente ferido neste sábado (07/06) em um atentado a tiros durante um ato de campanha em Bogotá.

Ele foi atingido por três tiros: dois na cabeça e um na perna.

Vídeos mostram o político de 39 anos fazendo um discurso diante de um grupo de apoiadores quando se ouvem disparos. Em outra imagem, ele aparece deitado sobre um veículo, com o corpo ensanguentado.

Neste domingo, a equipe médica que o atendeu informou que Uribe Turbay já passou por uma primeira cirurgia para estabilizar os ferimentos, mas alertou que ele ainda corre sério risco de morte e que seu estado segue "gravíssimo".

Suspeito é adolescente de 15 anos

O Ministério Público da Colômbia confirmou a prisão de um suspeito. Trata-se de um menor de 15 anos detido no local do crime com uma pistola Glock (9 milímetros). O ataque foi cometido no bairro Modelia, na zona oeste da capital colombiana.

A procuradoria informou que ativou uma estratégia com "quatro linhas de investigação” e a abertura de dois inquéritos criminais, em coordenação com a Polícia Nacional, para tentar esclarecer o caso, identificar os autores materiais e intelectuais e levá-los à justiça.

A prioridade da Procuradoria é "a coleta de informações e evidências físicas que permitam estabelecer a verdade sobre o atentado e identificar e levar à justiça tanto os autores materiais quanto os determinantes".

A procuradora-geral colombiana, Luz Adriana Camargo Garzón, classificou o episódio como um "ataque contra as formas de participação democrática do país" e pediu às instituições apoio para "blindar o processo eleitoral de 2026 "e dar plenas garantias às campanhas e aos candidatos ao exercício do poder político, como fortaleza da democracia".

O ministro da Defesa da Colômbia, Pedro Sánchez Suárez, ofereceu uma recompensa de 3 bilhões de pesos (cerca de R$ 4 milhões) por informações que permitam a captura dos responsáveis pelo atentado.

Quem é Miguel Uribe Turbay

Nascido em 1986, Miguel Uribe Turbay pertence ao partido Centro Democrático, liderado pelo ex-presidente Álvaro Uribe (sem parentesco). Em outubro, ele anunciou sua ambição de se eleger presidente em 2026, para suceder Petro, de quem é um forte crítico.

O senador, que foi o parlamentar mais votado nas eleições de 2022, é filho de Diana Turbay, jornalista que foi sequestrada e assassinada em 1991 por narcotraficantes a serviço de Pablo Escobar. O caso foi retratado no livro Notícia de um Sequestro (1996), do escritor colombiano Gabriel García Márquez.

Ele também é neto do ex-presidente Julio César Turbay, que governou o país entre 1978 e 1982.

O atentado contra Uribe Turbay chocou a Colômbia, país que tem um traumático passado de violência política e do narcotráfico. Neste domingo, centenas saíram às ruas em diversas cidades da Colômbia para se solidarizar com o político e condenar o atentado.

Uribe Turbay é um crítico ferrenho do governo do esquerdista Gustavo Petro, bem como de grupos guerrilheiros que ainda controlam partes do território do país e dos cartéis de drogas.

Condenação

O governo do presidente Gustavo Petro condenou o atentado. "Esse ato de violência é um ataque não apenas à integridade do senador, mas também à democracia, à liberdade de pensamento e ao exercício legítimo da política na Colômbia", acrescentou a Presidência, em nota.

Petro também cancelou uma viagem que previa fazer na noite de sábado a Nice (França) para participar da Conferência dos Oceanos da ONU, alegando a necessidade de permanecer no país para "dar prioridade a todas as ações institucionais necessárias para garantir a segurança, esclarecer os fatos e reforçar a confiança no Estado de direito", segundo um comunicado do governo.

Já o partido de Miguel Uribe Turbay, o Centro Democrático, disse que o ataque "não apenas coloca em risco a vida de um líder político, mas também atenta contra a democracia e a liberdade na Colômbia". Para o ex-presidente Álvaro Uribe, foi um ataque contra "uma esperança da pátria".

Além de Álvaro Uribe, o atentado foi condenado pelos ex-presidentes colombianos Juan Manuel Santos, Iván Duque, Andrés Pastrana e Ernesto Samper, em um consenso incomum entre figuras historicamente rivais na política do país.

Em 3 de março de 1989, cinco dias antes de assumir a Presidência, Samper foi gravemente ferido em um atentado no aeroporto de Bogotá quando conversava com o político de esquerda José Antequera, que foi assassinado no local.

Por sua vez, o presidente do Chile, Gabriel Boric, manifestou através da rede social X a "condenação absoluta do ataque contra Miguel Uribe Turbai".

Os governos do México e Peru também condenaram "energicamente" o atentado, com o primeiro destacando que "a violência política é inadmissível" numa decmocracia e o segundo manifestando "o mais firme repúdio por qualquer ato de violência que ponha em causa a vida ou prejudique a paz social e o bem-estar dos nossos povos".

Já o presidente do Equador, Daniel Noboa, afirmou ter recebido a notícia "com profundo pesar", acrescentando a condenação de "todas as formas de violência e intolerância". "Não estão sozinhos", acrescentou Noboa.

O Escritório das Nações Unidas para os Direitos Humanos na Colômbia e a Missão de Apoio ao Processo de Paz da Organização dos Estados Americanos (MAPP/OEA) também condenaram o atentado e pediram garantias para as eleições de 2026.

"Condenamos o atentado contra o senador e pré-candidato do Centro Democrático Miguel Uribe Turbay. Exortamos as autoridades a investigar, processar e punir os responsáveis. Apelamos à garantia dos direitos políticos e ao debate político sem violência. Expressamos a nossa solidariedade para com o pré-candidato e a sua família", afirmou o gabinete da ONU na rede social X.

O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, também condenou neste sábado "da forma mais enérgica possível" o atentado e classificou o caso como "uma ameaça direta" à democracia do país sul-americano.

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