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Carta aberta ao Presidente da Colômbia, Iván Duque Márquez

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26 Novembro 2019

"A militarização do Cauca[8] deixará apenas mais e mais vítimas, seja pela deslocação forçada, seja pelo fogo cruzado. Submeter a população ao medo e à angústia, é instrumental para estes grupos armados ilegais, pois essa é a sua principal estratégia para obter o tão desejado controle territorial", escreve Boaventura de Sousa Santos, sociólogo português, em carta publicada por Carta Maior, 25-01-2019.

Eis a carta.

Estimado Presidente Iván Duque Márquez, receba as minhas saudações cordiais.

Sou um cientista social português, animador do Fórum Social Mundial, professor jubilado da Faculdade de Economia e diretor emérito do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, Distinguished Legal Scholar na Faculdade de Direito da Universidade de Wisconsin-Madison. Desde há muitos anos tenho vindo a realizar diversas investigações sociológicas na Colômbia e região. Além disso, neste momento, sou membro do Comité Assessor da Comissão para o Esclarecimento da Verdade, a Convivência e Não Repetição, mas não é nesta qualidade que lhe escrevo. Escrevo-lhe na qualidade de democrata comprometido com as lutas pela paz e pela democracia no continente. Tendo em conta que, em muitas ocasiões manifestei a minha solidariedade com todos e todas aqueles que lutam na Colômbia pela paz e pela democracia, tomo a liberdade de escrever esta Carta Aberta devido aos graves acontecimentos na Colômbia.

Presidente, quantos massacres têm de acontecer para começar a atuar? Desde 2016 até hoje, quando escrevo, foram assassinados 198 indígenas[1]. Desses 198, 135 foram-no durante o seu Governo[2]. Mas não quero reduzir estas pessoas a simples números, elas e eles, eram líderes nas suas comunidades, autoridades tradicionais e espirituais, de uma importância tal que não se trata apenas do assassinato de uma pessoa, mas do impacto em toda uma comunidade. Devo recordar-lhe, que dos 102 povos indígenas que existem na Colômbia, 39 encontram-se em risco de extinção tanto física como cultural[3]. Se a essas terríveis cifras somarmos os homicídios supra citados, o panorama é aterrador.

Após a assinatura do acordo de paz de 2016, as zonas que antigamente foram do domínio do grupo guerrilheiro FARC-EP hoje são disputadas por distintos grupos armados ilegais, os quais não só buscam interesses econômicos (narcotráfico, mineração ilegal) mas também trazem consigo um horrível e sangrento interesse pelo controle sobre a população civil, afetando o tecido social. Fruto desta disputa, temos visto no último mês notícias sobre massacres em Cauca[4], mas que não se limitam apenas ali, pois constituem apenas a ponta do iceberg deste novo panorama de violências: desconhecemos ainda quantas populações indígenas e afrodescendentes se encontram confinadas e isoladas nos seus territórios ancestrais graças a esta nova arremetida do conflito armado. A Defensoría del Pueblo[5], emitiu múltiplos alertas chamando a atenção sobre a situação de risco em que se encontram os líderes sociais do país.[6] Estes líderes, defensores e defensoras dos direitos humanos, tem sofrido a violência sistemática de grupos à margem da lei, nas quais assistimos a um incremento nos homicídios especialmente contra pessoas racializadas, ou seja, indígenas e afrodescendentes.

Não exagero, senhor presidente, ao dizer que o que vemos na Colômbia é um etnocídio contra uma parte específica da população: aquela que defende e luta pelo seu território, as suas tradições e pela sua existência física e cultural.[7] Estas últimas notícias sobre o Cauca, que nos chocaram a todos e incluso o levaram a dirigir-se pessoalmente à região, não podem resolver-se com mais guerra e mais terror. A militarização do Cauca[8] deixará apenas mais e mais vítimas, seja pela deslocação forçada, seja pelo fogo cruzado. Submeter a população ao medo e à angústia, é instrumental para estes grupos armados ilegais, pois essa é a sua principal estratégia para obter o tão desejado controle territorial.

Face a esta onda de violência, devida a estes velhos e novos atores armados[9], a melhor opção em prol das comunidades que ali vivem é escutá-las. Um claro exemplo disto é a proposta que lhe apresentaram de iniciar um "Plano Piloto de Erradicação e Substituição de Cultivos de Uso Ilícito" de maneira imediata, no âmbito do Programa de Substituição de Cultivos de Uso Ilícito.[10]

A situação é tão dramática, que, só no município de Suarez (Cauca), encontram-se em situação de risco 11.229 habitantes, o equivalente a 65.9% da população total deste município. A maioria desta população situa-se na zona rural, organizada em Resguardos Indígenas, Conselhos Comunitários, Associações de Camponeses e Juntas de Ação Comunal.[11] Enquanto isto sucede no Cauca, na área rural de Buenaventura[12], 12.289 habitantes de distintos territórios coletivos, encontram-se em risco de deslocação forçada, tendo em conta o incremento nas intimidações e ameaças contra a vida, liberdade e integridade das pessoas, gerando restrições na mobilidade. O conflito armado nesta parte do país, está a gerar grandes afetações territoriais de índole diversa. De igual maneira, o centro urbano encontra-se em risco pela presença de estruturas armadas ilegais, e os confrontos pelo controle territorial entre os grupos armados: “Banda Local” e “La Empresa”, para além de grupos autodenominados como dissidentes das FARC – EP e o Exército de Libertação Nacional-ELN.[13]

Recorde, senhor presidente, que, segundo a cosmovisão destas comunidades, os seus resguardos e conselhos comunitários devem estar livres de grupos armados legais e ilegais, já que ambos geram desarmonia e desequilíbrio tanto no território como na comunidade. Com o regresso dos assassinatos seletivos, do etnocídio e da violência nos territórios, também ressurgiu uma prática que na década passada aterrou o país: os mal chamados falsos positivos, assassinatos de jovens inocentes e desarmados para melhorar a estatística da ação militar em combate contra grupos armados. Aqui, quero referir os casos do ex-combatente Dimar Torres[14] e do jovem Flower Trompeta[15]. Não se pode permitir que estes macabros acontecimentos voltem a ocorrer num país que em que tudo se joga pela paz, pela reconciliação e a não repetição.

Peço-lhe a si, como chefe de Estado e chefe do governo, que condene todas as violações das garantias democráticas da Greve Nacional de 21 de novembro de 2019 levadas a cabo pelo sinistro Esquadrão Móvel Antidistúrbios (ESMAD). O mal estar dos cidadão não pode ser objeto de estigmatização e repressão. Deve repudiar firmemente a atitude que assumiu a força pública ao atacar e provocar as manifestações pacíficas de uma cidadania que deseja uma verdadeira mudança.

Finalmente, senhor presidente, a Colômbia encontra-se hoje num momento histórico. Talvez desde 1977, que o país não presenciava uma jornada de greve cívica como a de 21 de novembro, que não parou apenas o país, mas que também nos demostrou o clamor popular dos estudantes[16], professores, sindicalistas, indígenas, mulheres e demais participantes. As pessoas, tanto nos territórios periféricos como nas grandes cidades, protestavam contra o seu governo profundamente impopular e, em função disto, algo deve mudar. Devem ser escutadas as suas justas reivindicações e procurar-se uma saída pelo bem do país, para assim se poder construir uma Colômbia em paz. 

Atentamente,

Boaventura de Sousa Santos

Coimbra, 22 de novembro de 2019 

Notas:

[1] Ver aqui. [Consultado a 20 de novembro de 2019]

[2] Ver aqui. [Consultado a 20 de novembro de 2019]

[3] Ver aqui. [Consultado a 20 de novembro de 2019]

[4] Ver aqui [Consultado a 20 de novembro de 2019] e ver aqui. [Consultado a 21 de novembro de 2019]

[5] Refiro-me aqui aos alertas produzidos desde 2018 até agora.

[6] Ver:

Defensoría del Pueblo. Alerta temprana N° 026-18. 28 de fevereiro de 2018.
Defensoría del Pueblo. Alerta temprana N° 067-18. 21 de agosto de 2018.
Defensoría del Pueblo. Informe de Seguimiento Alerta Temprana 026-18. agosto de 2019.

[7] Ver aqui. [Consultado el 21 de novembro de 2019]

[8] Ver aqui. [Consultado el 13 de novembro de 2019]

[9] Dissidências FARC, ELN, EPL, AUC, AGC, Cartéis Mexicanos, etc.

[10] Ver aqui. [Consultado a 21 de novembro de 2019]

[11] Ver: Defensoría del Pueblo. Alerta temprana N° 033-19. 15 de agosto de 2019.

[12] Ver: Defensoría del Pueblo. Alerta temprana N° 079-18.

[13] Ver: Defensoría del Pueblo. Alerta temprana N° 007-19.23 de janeiro de 2019.

[14] Ver aqui. [Consultado a 21 de novembro de 2019]

[15] Ver aqui. [Consultado a 21 de novembro de 2019]

[16] O governo nacional cumpriu parcialmente o Acordo alcançado pelo movimento nacional pela educação no segundo semestre de 2018, motivo pelo qual a educação superior na Colômbia continua em risco.

Leia mais

  • Colombianos protestam. Atos levam milhares às ruas
  • Colômbia. Greve Nacional contra um governo impopular
  • Colômbia. A cada três dias morre um indígena assassinado pelo narcotráfico no País
  • Colômbia. Os santos inocentes de Bella Vista, Bojaya
  • Colômbia. Comunicado da Comissão da Verdade frente à decisão de um grupo de ex-combatentes das FARCs de retomar a luta armada
  • Colômbia. Bogotá elege Claudia López prefeita, primeira mulher a comandar a capital do país
  • Colômbia. "Trump boicota os acordos de paz com as Farc", denuncia arcebispo de Cali
  • Colômbia. Arcebispo de Cali afirma que assassinato de líderes sociais é uma tragédia
  • Colômbia. Não se conhece o paradeiro de 100 mil pessoas, relata padre De Roux
  • Colômbia. Um ano de governo impopular
  • Colômbia vive incertezas e o aumento da violência na (não) aplicação do Acordo de Paz
  • Colômbia. A indignação de Uribe pelas revelações de Santos sobre a visita ao Vaticano
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  • Colombia. Asesinatos de líderes sociales
  • Colômbia. “Há uma delinquência que capturou o Estado”. Entrevista com Carlos Medina Gallego
  • Colombia. Y el ELN hizo trizas la paz
  • Colombia. Cien días de Iván Duque, el presidente que canta, y desencanta
  • Colômbia. El alma de la reconciliación
  • Colômbia. Juan Manuel Santos e ELN realizam última reunião para Acordo de Paz sem deixar certezas do futuro
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