04 Junho 2025
O magnata revogou uma medida do governo Biden que teria preservado a vida selvagem
A reportagem é de Bernardo Tombari, publicada por La Repubblica, 03-06-2025.
O governo Trump está abrindo novas perfurações de petróleo nas áreas protegidas do Alasca, revertendo a decisão de Biden em abril de preservar 33.000 milhas de áreas selvagens, disse o secretário do Interior, Doug Burgum, acrescentando que o ex-presidente estava "minando nossa capacidade de explorar os recursos de nossa nação em um momento em que a independência energética da América nunca foi tão crítica".
Mais um passo no plano de Donald Trump para relançar os combustíveis fósseis e combater as políticas ambientais: do slogan "perfure, baby, perfure" durante a campanha eleitoral à saída do Acordo de Paris (como durante o primeiro mandato) e ao anúncio da emergência energética nacional, ambos em 20 de janeiro, dia da posse. O magnata se viu obrigado a desfazer os princípios da economia verde de seu antecessor, como os subsídios para a justiça climática e o apoio aos veículos elétricos.
As políticas ambientais de Biden no Alasca, na verdade, têm um histórico conturbado: em 2023, o controverso projeto Willow para perfuração no estado ártico foi aprovado, em meio à ira de ambientalistas e protestos sociais. No entanto, a proibição de perfuração no Refúgio Nacional de Vida Selvagem do Ártico foi mantida para proteger o habitat natural de caribus, aves migratórias e ursos polares.
Esta última medida, agora cancelada por Trump, também havia recebido críticas: o Estado do Alasca, com o governador republicano Mike Dunleavy, havia processado o governo Biden, por considerar a decisão conflitante com a aspiração de independência energética americana.
Até mesmo algumas comunidades indígenas se manifestaram contra a medida: Nagruk Harcharek, presidente do grupo Voz do Ártico Iñupiat, que representa líderes nativos, disse que a proibição "não reflete os desejos de nossa comunidade e prejudicará os próprios moradores que o governo federal deveria ajudar, porque acabará com anos de progresso, empobrecerá nossas comunidades e colocará em risco a cultura Iñupiat".
Resta saber se a decisão de Trump será mais bem aceita pelos moradores locais, o que, no entanto, coloca em risco a sobrevivência de uma das maiores áreas naturais dos Estados Unidos.
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