03 Junho 2025
Duas semanas atrás, Leão havia falado isso aos embaixadores no Vaticano, e ontem o reiterou aos 70 mil peregrinos no Jubileu das Famílias. O casamento, de acordo com Leão XIV, é “o cânone do verdadeiro amor entre o homem e a mulher”.
A reportagem é de Giacomo Galeazzi, publicada por La Stampa, 02-06-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.
A humanidade é traída quando “a liberdade é invocada não para dar vida, mas para tirá-la”.
Uma referência ao aborto e à eutanásia. No almoço de domingo com seus coirmãos agostinianos, ele confidenciou: “Ainda estou aprendendo a organizar as coisas, porque não é fácil”. Enquanto isso, no que diz respeito à ética, as diretrizes despontam cada vez mais nítidas um mês após sua eleição ao trono. Conhecido por sua capacidade de escuta e a fidelidade à visão pastoral de Francisco, o Cardeal Prevost havia apoiado a comunhão para divorciados recasados e a inclusão. Mais cauteloso, contudo, em temas divisivos, como a ordenação feminina e a bênção de uniões homossexuais.
Na Praça São Pedro, lotada de associações e grupos paroquiais, Leão XIV citou a encíclica Humanae Vitae de Paulo VI, que vincula o casamento à procriação. Fortunato Di Noto, fundador da associação Meter, comentou ao La Stampa: “Para o corpo diplomático, o Papa havia solicitado o apoio das instituições. No Jubileu, ele se confirmou na linha da tradição. Há séculos, a família é o coração da Igreja e da sociedade, o lugar onde as crianças crescem, são cuidadas, amadas e protegidas. Palavras dirigidas aos fiéis para confirmá-los na fé com uma ação pastoral que é sinal de unidade na caridade, sem desorientações”.
Para Franco Grillini, presidente honorário da Arcigay, por outro lado, “são posições que geram sofrimento, não basta a atitude compassiva ou pietista, é preciso dar-se conta que o mundo mudou. As estatísticas são impiedosas: na Dinamarca, a família tradicional representa 20% da sociedade”.
Aos casais, Leão XIV disse: “O casamento não é um ideal, mas o cânone do verdadeiro amor entre o homem e a mulher: amor total, fiel, fecundo. Ao transformar vocês em uma só carne, esse mesmo amor os torna capazes, à imagem de Deus, de doar a vida”. Em seguida, o apelo à unidade dentro da Igreja e das famílias: “Seremos um sinal de paz para todos, na sociedade e no mundo. E não nos esqueçamos de que é a partir das famílias que se gera o futuro dos povos”. Portanto, “que Maria abençoe as famílias e as apoie em suas dificuldades: estou pensando especialmente naqueles que sofrem por causa da guerra no Oriente Médio, na Ucrânia e em outras partes do mundo. Que a Mãe de Deus nos ajude a caminhar juntos no caminho da paz”.
Vários cardeais africanos e asiáticos, em temas éticos ou, por exemplo, na abordagem da homossexualidade, não estão alinhados com o que é professado na Europa, muito menos com a bênção de casais homossexuais legitimada no documento Fiducia supplicans do antigo Santo Ofício (2023). O historiador Carlo Felice Casula explica: “Leão XIV referiu-se ao seu predecessor Montini para exortar o Estado a salvaguardar as condições socioeconômicas para a procriação. Em nível institucional, a proteção da família como lugar e sujeito da educação à fé e da formação religiosa representa um motivo clássico e estável do Magistério pontifício”.
Nenhuma contraposição a Francisco, analisa o ex-vice-diretor do L'Osservatore Romano, Gian Franco Svidercoschi, amigo e colaborador de João Paulo II: “Acolhimento universal, como esclarece a revista jesuíta Civiltà Cattolica, não significa de forma alguma relativismo, nem deixar de lado os valores ideais. Quando Bergoglio falava em acolher a todos, ele não estava se referindo especificamente àqueles que se casaram novamente no civil após o fracasso de um casamento sacramental ou às pessoas homossexuais. Sua preocupação era muito mais ampla. Ele dizia que a Igreja deve saber acolher a todos, mas não o que acontece caso a caso. Nenhuma relativização da doutrina, portanto. Agora Leão dissipa qualquer mal-entendido ao propor novamente o ideal do casamento cristão: o homem e a mulher em sua união fecunda e em sua complementaridade”.
E ele exorta a mídia de massa a “contar histórias de esperança”. Para “desarmar a comunicação de todo preconceito, rancor e fanatismo”. Portanto, “vamos compartilhar um olhar diferente sobre o mundo com uma comunicação desarmada e desarmante”.