Londres, corrida armamentista: Starmer se prepara para conflito com a Rússia

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03 Junho 2025

Entre as medidas anunciadas pelo primeiro-ministro, 12 novos submarinos nucleares e 15 bilhões de libras para renovar o arsenal atômico: "A paz pós-Guerra Fria acabou, possíveis guerras com Moscou ou China". Cidadãos mobilizados para proteger infraestrutura e aeroportos. Reservistas e veteranos em alerta.

A reportagem é de Antonello Guerrera, publicada por La Repubblica, 03-06-2025.

A palavra de ordem: prontidão para a guerra. Keir Starmer a chama assim. Ou seja, preparação para tudo, até para a guerra. Aquela que Putin desencadeou na Ucrânia e que em poucos anos poderá ser replicada num país da OTAN, como temiam o chefe do Estado-Maior da Defesa alemão, Carsten Breuer, e o general americano, David Petraeus. Uma guerra que poderá em breve explodir em casa. Enquanto a guerra híbrida da Rússia já se manifesta no Ocidente. De ataques de hackers a atos de sabotagem na Europa, como os pacotes-bomba do verão passado e muitos outros episódios suspeitos.

Portanto, não há tempo a perder. "Devemos nos preparar para lutar", alertou o primeiro-ministro britânico ontem em Glasgow, em visita à empresa Bae Systems, pilar da Defesa britânica e integrante do megaprojeto de caças de sexta geração com a Itália e o Japão. "Mas também precisamos acelerar a inovação tecnológica, como em tempos de guerra", continuou Starmer, "além de novas ferramentas de dissuasão de guerra e maior apoio à OTAN". O líder deu o alarme no dia da publicação da Revisão de Gastos com a Defesa: um relatório sobre o status quo e as reformas necessárias da Defesa britânica, confiado ao ex-secretário-geral da OTAN, George Robertson , à ex-assessora de Trump, Fiona Hill, e ao general britânico Sir Richard Barrons.

A revisão é independente, mas o governo trabalhista já prometeu adotá-la integralmente. Afirma que, atualmente, o Reino Unido e as Forças Armadas britânicas não estão preparados para uma possível guerra. É urgente remediar isso. Das 62 recomendações do relatório, Starmer prometeu 12 novos submarinos de ataque com propulsão nuclear que substituirão a frota atual na próxima década; 15 bilhões de libras para a modernização do sistema de dissuasão nuclear "Trident"; outros 1,5 bilhão para a "produção contínua" de munições; construção nacional de mais de 7.000 armas e drones de longo alcance; um comando especial para desafios "cibernéticos e eletromagnéticos"; forte investimento em inteligência artificial; aumento do efetivo do exército de 73.000 para 76.000 unidades, mais 20% de reservistas e dezenas de milhares de veteranos de guerra em alerta, para ajudar, se necessário.

Há décadas não se via um rearmamento tão massivo do outro lado do Canal da Mancha. Porque a análise e Starmer concordam em uma conclusão simples, porém dramática: a paz (relativa) do período pós-Guerra Fria acabou. Estamos todos em uma nova era de guerras e tensões, e um conflito direto entre o Ocidente e uma potência nuclear como a Rússia, ou mesmo a China, está longe de ser irrealista. Segundo Robertson e outros, um desses países hostis poderia desencadeá-lo atacando uma base militar ou uma infraestrutura crucial no Ocidente.

Portanto, neste novo mundo, a mobilização de cidadãos britânicos também será essencial. Em defesa da pátria e de alvos sensíveis, como aeroportos e outras infraestruturas críticas do país, contra ataques e sabotagens estrangeiras. "O Estado é obrigado a defender seus cidadãos", explica Starmer, "mas todos devem fazer a sua parte". Em breve, neste contexto, reservistas, voluntários e pessoas comuns também serão "alistados". Como na guerra.

Mas há controvérsia. Porque o governo Starmer não deixou claro de onde virá o dinheiro. Ele e o Ministro da Defesa britânico, John Healey, encobriram o aumento para 3% do PIB destinado à Defesa antes de 2034, não indo além da antiga promessa de 2,5% até 2027. Países como Lituânia e Dinamarca estão se precipitando: "3,5% deve ser o mínimo", como a OTAN pedirá aos Estados-membros em poucos dias. Mas Starmer está com falta de 15 bilhões e, nos últimos meses, já cortou o bem-estar social. Como Sir Keir explicará isso aos britânicos? Mantenham a calma e sigam em frente. Ou, como o próprio relatório sublinha: "Se você quer paz, prepare-se para a guerra".

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