22 Mai 2025
"A nova celebração, de fato, apresenta muitos pontos positivos. Em primeiro lugar, teria um forte impacto ecumênico. Em Assis, estavam presentes realmente todos os cristãos: das várias famílias protestantes à Aliança Evangélica Mundial, da Comunhão Anglicana ao Exército da Salvação, às Igrejas Pentecostais, das Igrejas Ortodoxas a muitas Conferências Episcopais Católicas de todo o mundo", escreve Luca Baratto, pastor valdense, em artigo publicado por Riforma, 21-05-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.
As igrejas do mundo inteiro estão pensando em inserir uma nova festa em seus calendários litúrgicos, comum a todos os cristãos: a Festa da Criação. Isso foi discutido em Assis, de 5 a 7 de maio, durante a Segunda Conferência Ecumênica Internacional, organizada pelo movimento Laudato Si’, para a promoção dessa nova festividade. “Se o caminho de Assis continuasse e alcançasse seu objetivo, poderia se tornar um marco para todo o cristianismo”, disse o bispo luterano Heinrich Bedford-Strohm, moderador do Comitê Central do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), em sua saudação aos participantes.
A nova celebração, de fato, apresenta muitos pontos positivos. Em primeiro lugar, teria um forte impacto ecumênico. Em Assis, estavam presentes realmente todos os cristãos: das várias famílias protestantes à Aliança Evangélica Mundial, da Comunhão Anglicana ao Exército da Salvação, às Igrejas Pentecostais, das Igrejas Ortodoxas a muitas Conferências Episcopais Católicas de todo o mundo.
A Festa da Criação envolveria todos os cristãos, que celebrariam a mesma coisa, em todos os lugares, no mesmo dia, provavelmente 1º de setembro, que na tradição ortodoxa já é o Dia da Criação.
Em segundo lugar, a Festa da Criação não é divisiva, não serve para marcar a diferença entre algumas igrejas e outras. Em vez disso, convida todos os cristãos a se unirem em louvor ao Criador, na alegria pela Criação e no compartilhamento das preocupações por uma crise ambiental que também é uma crise espiritual.
Por fim, seria uma festa compreensível até mesmo para aqueles que não são cristãos ou não se interessam por religião. Por uma vez, os cristãos não se encontrariam discutindo questões incompreensíveis para a maioria, talvez nascidas há mais de quinhentos anos e nunca resolvidas, mas sobre mudanças climáticas, modelos de economia, estilos de vida, respeito à vida.
Apesar de todos esses pontos positivos, inserir uma nova festa no calendário litúrgico oficial de uma igreja pode exigir um processo longo e complexo. Para a Igreja Católica Romana, por exemplo, envolve o Dicastério para o Culto Divino e implica uma substancial homogeneidade com a estrutura do ano litúrgico já em vigor.
É difícil transmitir a riqueza das diversidades que emergiram em Assis em relação à Festa da Criação: no hemisfério norte seria celebrada no final do verão, no hemisfério sul no início da primavera: na Igreja Ortodoxa, o dia 1º de setembro é o início do ano litúrgico, nas ocidentais está mais próxima do seu fim; em algumas áreas do mundo, a conscientização sobre as mudanças climáticas não é tão desenvolvida; em outras, seus efeitos têm um forte impacto no cotidiano das pessoas. Tudo isso torna diferente a maneira de celebrar a mesma festa.
O caminho para o que foi definido por alguns como "o sonho ecumênico para o cristianismo do III milênio" ainda é longo, mas prossegue com entusiasmo e, pelo menos por uma vez, ao que parece, em harmonia.