05 Mai 2025
Polícia do RJ diz que envolvidos estavam recrutando adolescentes para cometer crimes e transmiti-los ao vivo como parte de "desafio coletivo", que incluía uso de explosivos contra show em Copacabana. Um homem foi preso.
A reportagem é publicada por DW, 04-05-2025.
A Polícia Civil do Rio de Janeiro informou neste domingo (04/05) que impediu um ataque com explosivos improvisados no mega show da cantora americana Lady Gaga, que ocorreu na noite anterior na praia de Copacabana. Um homem apontado como líder do plano foi preso no Rio Grande do Sul.
De acordo com a polícia, a ação teve como alvo um grupo que atuava nas redes sociais, cooptando pessoas para cometer crimes e transmiti-los ao vivo. Ainda de acordo com a polícia, a investigação identificou que os envolvidos recrutavam pessoas, incluindo adolescentes, para promover ataques integrados com uso de explosivos improvisados e coquetéis molotov.
O plano, segundo a polícia, era tratado pela rede como um "desafio coletivo", com o objetivo de obter notoriedade nas redes sociais. Os alvos da operação atuavam em plataformas digitais, promovendo a radicalização de adolescentes, a disseminação de crimes de ódio, automutilação, pedofilia e conteúdos violentos como forma de pertencimento.
Ainda segundo a polícia, o grupo disseminava discurso de ódio e preparava um plano, "principalmente contra crianças, adolescentes e o público LGBTQIA+".
Prisão
O homem detido no sul do país foi preso em flagrante por porte ilegal de arma de fogo. Sua identidade não foi divulgada. Um adolescente foi apreendido por armazenamento de pornografia infantil no Rio de Janeiro.
Como desdobramento da operação, os agentes policiais também cumpriram um mandado de busca e apreensão em Macaé, norte do estado do Rio. O suspeito responde por terrorismo e instigação ao crime.
A operação policial contra a rede foi batizada de Fake Monster (falsos monstros, em inglês), referência à forma como Lady Gaga chama os fãs dela, little monsters (monstrinhos).
Participaram da ação policiais da Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (Dcav), da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI) e da 19ª Delegacia de Polícia, em conjunto com o Laboratório de Operações Cibernéticas (Ciberlab) do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP). As diligências contaram também contara com a Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) da polícia do Rio.
Na ação, foram cumpridos 15 mandados de busca e apreensão nas cidades do Rio de Janeiro, Niterói, Duque de Caxias e Macaé, no estado do Rio; Cotia, São Vicente e Vargem Grande Paulista, em São Paulo; São Sebastião do Caí, no Rio Grande do Sul; e Campo Novo do Parecis, no Mato Grosso. O trabalho contou com o apoio de policiais civis desses estados.
Nos endereços, os agentes apreenderam dispositivos eletrônicos e outros materiais que, segundo a polícia, serão analisados.
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