30 Abril 2025
Cidades como Porto Alegre, Pelotas e Rio Grande devem enfrentar níveis de água até um metro mais altos que o limite máximo de proteção atual.
A informação é publicada por ClimaInfo, 29-04-2025.
Catástrofes climáticas como a que devastou o Rio Grande do Sul há um ano devem se tornar cinco vezes mais frequentes no país. Esses eventos extremos ocorriam em média a cada 50 anos; no entanto, com as mudanças climáticas, causadas sobretudo pela queima de Combustíveis fósseis, tendem a acontecer a cada dez anos – e de forma ainda mais intensa.
É o que mostra o estudo “As enchentes no Rio Grande do Sul: lições, desafios e caminhos para um futuro resiliente”, feito pela Agência Nacional de Águas (ANA), em parceria com pesquisadores da Universidades Federais do Rio Grande do Sul (UFRGS) e de Brasília (UnB) e do Serviço Geológico do Brasil (SGB), entre outras instituições. A pesquisa será lançada hoje (30/4), às 9h30, no canal da ANA no YouTube, mas André Borges, da Folha, teve acesso prévio ao levantamento.
Os modelos matemáticos e monitoramentos históricos aplicados no estudo indicam que as vazões dos rios gaúchos tendem a aumentar em cerca de 20% sobre as máximas atuais. Isso significa que as cidades, principalmente as mais vulneráveis, precisam se adaptar rapidamente ao novo cenário, com planejamento urbano, construção de infraestruturas e gestão de riscos. Mas tanto a recuperação quanto a adaptação andam devagar, quase parando.
E o Rio Grande do Sul tende a ser a região do Brasil com o maior aumento na frequência e severidade das cheias, reforça o relatório. Resultado tanto das mudanças climáticas – 2024 foi o ano mais quente da história, e as temperaturas do início deste ano sugerem que o limite de 1,5°C do Acordo de Paris pode continuar sendo superado —, quanto à vulnerabilidade natural do estado, marcado por bacias hidrográficas de rápido impacto.
As projeções indicam que cidades como Porto Alegre, Guaíba e Eldorado do Sul, na região metropolitana da capital gaúcha, e Pelotas e Rio Grande, no sul do estado, terão de enfrentar níveis de água até um metro mais altos do que o limite máximo de proteção atual. Nos vales e áreas serranas, rios como o Taquari e o Jacuí podem subir até três metros a mais que o limite atual em eventos extremos.
Assim, é urgente redimensionar as obras de proteção, elevando diques, comportas e barragens. “A reavaliação destes parâmetros não é opcional, mas uma necessidade imediata para dimensionar obras hidráulicas, criar sistemas de alerta eficazes contra inundações e garantir a viabilidade de projetos em um cenário onde os extremos climáticos se tornam mais frequentes e intensos”, afirma o relatório.
Apesar da urgência de adaptação, o que se vê no RS vai no caminho contrário. Um exemplo disso é que somente na última 2ª feira (28/4) o governo gaúcho publicou o edital para contratar a atualização do projeto de engenharia do sistema de proteção contra as cheias em Eldorado do Sul, com custo previsto de R$ 531 milhões, a serem pagos com recursos federais, informa O Globo. A concorrência será em 13 de maio. A vencedora terá 180 dias para entregar o trabalho, e a etapa seguinte serão os projetos de engenharia e elaboração dos estudos ambientais antes das obras. Até lá, resta rezar para não chover.
Ter onde morar após a enxurrada também é um desafio imenso um ano depois, destaca a Folha. Muitas famílias ainda aguardam casas definitivas. Um balanço da Confederação Nacional de Municípios (CNM) apontou, em agosto de 2024, que as chuvas destruíram 9.300 habitações e danificaram outras 104,3 mil.
Vários veículos repercutem a tragédia ocorrida no Rio Grande do Sul há um ano, como R7, O Globo, Colabora, Agência Pública, g1 e Colabora.