30 Abril 2025
Chamam-no de "Francisco asiático" porque sua simplicidade pessoal e ênfase nos pobres e marginalizados refletem a vida e o papado do Papa Francisco. Agora, o Cardeal Luis Antonio Tagle é, pela segunda vez, um sério candidato à coroação.
A reportagem é de Christopher White, publicada por New Catholic Reporter, 28-04-2025.
Em 2013, Tagle foi um dos candidatos ao Conclave que elegeu Francisco. O jovem bispo das Filipinas foi nomeado cardeal pelo Papa Bento XVI apenas quatro meses antes da surpreendente renúncia de Bento XVI ao papado.
Mesmo assim, as habilidades de Tagle como um comunicador talentoso e como um humilde homem do povo — combinadas com sua perspicácia teológica amplamente respeitada — o colocaram em muitas listas restritas.
Nos 12 anos desde então, o perfil de Tagle, agora com 67 anos, só aumentou em Roma e ao redor do mundo, levando muitos observadores do Vaticano a acreditarem que ele continua sendo um sério candidato a se tornar papa.
Mas, à medida que seu perfil cresceu em importância, ele também foi submetido a um escrutínio que revelou possíveis deficiências e atraiu uma série de detratores, principalmente entre os conservadores.
Enquanto os membros do Colégio Cardinalício consideram quem sucederá Francisco, é bem possível que ainda se sintam atraídos pelo espírito missionário de Tagle. Mas eles vão ponderar isso em relação às questões que surgiram sobre seu estilo de gestão.
Nascido em Manila em 1957, "Chito", como prefere ser chamado, é o filho mais velho de pais católicos fervorosos — um pai de etnia tagalo e uma mãe filipina chinesa. Tagle foi profundamente influenciado pelos jesuítas, concluindo tanto o bacharelado quanto o mestrado na Universidade Ateneo de Manila, pertencente à ordem.
De lá, Tagle foi para os Estados Unidos, onde concluiu seu doutorado na Universidade Católica da América, em Washington, DC, sob a tutela do estudioso do Concílio Vaticano II, Joseph Komonchak.
Quando Tagle retornou à sua terra natal, ele foi rapidamente reconhecido como uma estrela em ascensão, tanto nas Filipinas quanto na Igreja Católica Asiática.
Em 1997, o Papa João Paulo II o nomeou para a Comissão Teológica Internacional, o órgão consultivo do Vaticano, composto por alguns dos teólogos mais confiáveis da Igreja. Nessa função, ele trabalhou ao lado do então presidente da comissão, o Cardeal Joseph Ratzinger, o futuro Papa Bento XVI.
Após alguns anos no ministério paroquial, Tagle ascendeu rapidamente na hierarquia da Igreja filipina. Passou de reitor do seminário para servir por uma década como bispo da Diocese de Imus, de 2001 a 2011. Naquele ano, foi nomeado arcebispo da capital, Manila.
Apesar de ver algum declínio nos últimos anos, as Filipinas continuam sendo um reduto do catolicismo, especialmente na Ásia, onde cerca de 80% dos seus estimados 115 milhões de habitantes aderem à fé.
Esses fatores se combinam para fazer de Tagle o candidato mais provável para ser o primeiro papa da Ásia.
Tagle recebeu Francisco durante a visita papal às Filipinas em 2015. A união dos dois foi, na prática, a versão da Igreja Católica para um show de rock star. A última missa de Francisco em Manila atraiu mais de 6 milhões de católicos, no que é amplamente considerado o maior evento pontifício da história.
A presença regular de Tagle no Sínodo dos Bispos — três durante o papado de Bento XVI e três sob o governo de Francisco — lhe deu a chance de conhecer muitos prelados do mundo todo, e uma chance para os cardeais o conhecerem.
O fato de ele ser uma figura conhecida pode lhe dar uma vantagem crucial em um conclave onde a diversidade geográfica dos membros do Colégio Cardinalício significa que muitos dos homens não se conhecem.
À medida que Francisco se apoiava cada vez mais no processo sinodal para iniciar reformas mais amplas na vida da Igreja e atrair maior participação dos leigos, Tagle emergiu como um defensor ferrenho do processo, apesar da oposição conservadora. A resistência tanto a Francisco quanto à sinodalidade, disse ele a um grupo de padres americanos em junho de 2023, está enraizada no medo da mudança e na insegurança quanto à identidade católica.
"Não quero julgar as pessoas. Mas, às vezes, eu só queria que as pessoas lessem com calma os documentos do Vaticano II e se aproximassem dos ensinamentos do Vaticano II, em vez de se basearem em caricaturas ou apresentações tendenciosas sobre o que o Vaticano II representa", disse ele na época.
No início de 2020, Francisco trouxe Tagle a Roma para chefiar o Dicastério para a Evangelização, setor responsável por supervisionar os vastos territórios de missão da Igreja. Nessa função, Tagle é responsável por garantir que as Igrejas nos países em desenvolvimento tenham o financiamento necessário para suas operações. Ele também supervisiona a Pontifícia Universidade Urbaniana, de Roma, onde muitos padres, religiosos e religiosas vêm estudar. Por fim, Tagle é responsável por identificar potenciais bispos em dioceses de missão.
Aqueles que trabalharam de perto com Tagle elogiaram sua capacidade de identificar rapidamente candidatos adequados para o ministério que compartilham sua paixão pela humildade e evangelização.
No entanto, surgiram questionamentos sobre suas habilidades administrativas — tanto no dicastério que supervisiona quanto em seu antigo cargo como presidente da Caritas Internationalis, a confederação global de instituições de caridade católicas nacionais. Tagle foi eleito presidente da megainstituição de caridade pela primeira vez em 2015 e reeleito para mais um mandato em 2019.
Em novembro de 2022, após uma investigação interna ter encontrado sérios problemas de gestão e moral, Francisco atacou a organização e demitiu toda a sua liderança, incluindo Tagle. Embora o dedo fosse apontado principalmente para o secretário-geral da Caritas na época, também parecia que Tagle, em sua função de presidente, sabia dos problemas e não agiu.
Após esse desastre, outra preocupação surgiu.
Em 2019, a CNN noticiou o caso de um padre salesiano belga, Pe. Luk Delft, que havia sido nomeado diretor da Caritas na República Centro-Africana, apesar das acusações contra ele de abuso sexual infantil e posse de pornografia infantil na Bélgica em 2012.
Uma investigação da Caritas descobriu que Tagle e outros líderes da Caritas estavam cientes da condenação criminal do padre em 2017, dois anos antes de ele ser nomeado diretor na República Centro-Africana.
Tagle tem um forte histórico de denúncia de abusos: ele foi palestrante na primeira conferência de alto escalão sobre abusos, realizada em Roma em 2012, e proferiu um dos principais discursos na cúpula histórica de Francisco sobre abusos em 2019, no Vaticano. Mas o padrão de inação percebida, particularmente em relação aos abusos sexuais cometidos pelo clero, pode fazer seus colegas cardeais hesitarem, especialmente aqueles que buscam virar a página de uma questão que atormenta a Igreja Católica há décadas.
Em Roma, também houve algum ceticismo sobre se o tipicamente manso Tagle, conhecido por frequentemente cair em lágrimas, teria coragem de concluir as reformas burocráticas necessárias na Cúria Romana, o órgão central de governança do Vaticano.
Embora o colunista conservador do New York Times, Ross Douthat, tenha descrito Tagle em 2016 como a "esperança progressista" para suceder Francisco, essa pode ser uma visão simplista. Tagle parece motivado mais por instintos pastorais do que por ideologia, como atesta sua estreita relação com Bento XVI.
Em um discurso no Sínodo dos Bispos de 2012 sobre a nova evangelização, o então arcebispo Tagle enfatizou a importância de imitar a humildade de Jesus ao evangelizar. Ele falou que ser humilde também significa reconhecer quando a Igreja não tem todas as respostas e, portanto, estar disposto a permanecer em silêncio.
Ainda não se sabe se essa humildade será percebida como uma timidez desqualificante ou se, no fim das contas, isso lhe renderá apoio suficiente para se tornar o próximo papa.