13 Março 2025
Chegamos a cem dias. Por mais de três meses, a família uzbeque Babayants tem participado de um culto ininterrupto na igreja protestante Open Hof de Kampen.
A reportagem é de Claudio Geymonat, publicada em Riforma, 13-03-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.
Dessa forma, esperam evitar a deportação pelo Serviço de Imigração e Naturalização. Há onze anos, a família fugiu para a Holanda, mas seu pedido de asilo, após anos de recursos, foi por fim rejeitado. A porta-voz da Igreja, Esther Stomphorst, os descreve como “simplesmente uma família holandesa. Eles estão totalmente integrados, falam o idioma, as crianças frequentam a escola aqui e construíram uma vida para si mesmos”. O asilo eclesiástico é uma tradição secular graças à qual as igrejas oferecem proteção a pessoas que são perseguidas ou correm o risco de serem deportadas. De acordo com um antigo artigo da lei, a polícia não tem permissão para invadir locais de culto para prender e levar as pessoas para um centro de detenção para a expulsão, especialmente se o culto estiver em andamento. Por isso o expediente de um culto ininterrupto.
O pastor Kasper Jager explica o que comporta o asilo na igreja: “O objetivo é manter a família fora das mãos do Serviço de Imigração e prestar justiça à sua situação. Enquanto houver uma celebração em andamento, as autoridades não têm permissão para entrar na igreja. Isso nos dá a oportunidade de ganhar tempo e analisar a situação”. De acordo com Jager, desde que entrou na igreja, a família finalmente encontrou paz. “Eles dizem que agora dormem com os dois olhos fechados, enquanto antes sempre dormiam com um olho aberto”.
Quando a família procurou a igreja para pedir asilo, o pastor Jager teve que pensar cuidadosamente. “Eu não podia dizer imediatamente sim ou não. Primeiro, eu queria saber mais sobre a família e tive que consultar o Conselho e os colegas. No fim, todos nós chegamos à mesma conclusão: é isso que temos que fazer”.
Jager explica que esse culto ininterrupto foi possível graças ao empenho de nada menos que 300 pastores de todo o país. “Temos um site em que os pastores podem se registrar por um intervalo de tempo. Dessa forma, transmitimos a celebração uns aos outros com cantos, orações e leituras”.
O pastor Jager está ciente da finitude dessa ação. “Sabemos que um dia vai acabar, mas esperamos que primeiro se chegue a um bom acordo para essa família e as outras crianças que criaram raízes na Holanda. Não se trata apenas delas, mas de cerca de 350 crianças que vivem aqui há mais de cinco anos e são completamente holandesas”.