22 Fevereiro 2025
A Conferência Mundial Menonita comemorará os 500 anos do movimento anabatista em 29 de maio, em Zurique, na Suíça, sob o tema “A coragem de amar”. Mas também na Alemanha a efeméride será lembrada como parte da herança da Reforma protestante.
A reportagem é de Edelberto Behs, 20-02-2025.
Os anabatistas são vistos como a “ala esquerda” da Reforma, pois defendiam uma Reforma mais “radical” do que a propalada por Martin Luther, em Wittenberg, ou Zwinglio, em Zurique. Eles defendiam a total separação entre Igreja e Estado.
O movimento queria uma igreja de homens e mulheres sem hierarquia ou clero. Rejeitaram o batismo infantil, pois acreditam que uma confissão de fé vem de uma decisão consciente. Por isso, os seguidores do movimento foram “rebatizados”. Também debateram a questão se um cristão pode pegar em armas e servir ao exército.
Os anos posteriores à Reforma, em 1517, foram tempos de agitação social, religiosa e política, descambando na Guerra dos Camponeses (1524-1525) e vários movimentos, como os anabatistas. Quinhentos anos depois igrejas da Alemanha vão refletir o que essa revolta e esse movimento significam para os tempos atuais.
O primeiro “rebatismo” de adultos ocorreu em Zurique, no dia 21 de janeiro de 1525. A presidente da Associação de Igrejas Menonitas da Alemanha lembrou a data em entrevista para o serviço de imprensa da Federação Luterana Mundial (FLM).
Também lembrou que o fato de os anabatistas não batizarem crianças, os pais eram passíveis de punição legal. Por isso, eles foram perseguidos tanto por governantes católicos como protestantes. Quatro mulheres e dois homens foram executados em 18 de janeiro de 1530, em Reinhardsbrunn, na Turíngia, Alemanha.
Na 11ª Assembleia da FLM, reunida em Stuttgart, em 2010, luteranos pediram perdão aos menonitas pelas ações cometidas pelos seus ancestrais, o que marcou um compromisso nas relações entre as duas comunhões.
“Temos muito a aprender com as igrejas anabatistas”, reconheceu o bispo Friedrich Kraemer, da Igreja Evangélica na Alemanha Central. Ele destacou as convicções pacifistas dos anabatistas e sua intenção de seguir os passos de Jesus Cristo, “que não tomou nenhuma arma em suas mãos, mas tirou armas das mãos dos outros”.