MT aprova norma que “converte” para Cerrado áreas do bioma amazônico

Foto: Leandro Neumann Ciuffo | Flickr

Mais Lidos

  • O economista Branko Milanovic é um dos críticos mais incisivos da desigualdade global. Ele conversou com Jacobin sobre como o declínio da globalização neoliberal está exacerbando suas tendências mais destrutivas

    “Quando o neoliberalismo entra em colapso, destrói mais ainda”. Entrevista com Branko Milanovic

    LER MAIS
  • Abin aponta Terceiro Comando Puro, facção com símbolos evangélicos, como terceira força do crime no país

    LER MAIS
  • A farsa democrática. Artigo de Frei Betto

    LER MAIS

Assine a Newsletter

Receba as notícias e atualizações do Instituto Humanitas Unisinos – IHU em primeira mão. Junte-se a nós!

Conheça nossa Política de Privacidade.

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

09 Janeiro 2025

Objetivo é reduzir de 80% para 35% áreas que precisam ser protegidas. Segundo especialistas, mais de 5 milhões de hectares de floresta estão sob ameaça.

A reportagem é de Cristiane Prizibisczki, publicada por ((o))eco, 08-01-2025.

Deputados de Mato Grosso aprovaram, na tarde desta quarta-feira (8), um projeto de lei complementar que muda o código ambiental matogrossense, com o objetivo de categorizar formações vegetais com características de floresta, reinterpretando-as como pertencentes ao bioma Cerrado. Com a aprovação, a porcentagem de área que precisa ser preservada em uma propriedade rural cai de 80% para 35%, o que coloca mais de 5 milhões de hectares de floresta no Mato Grosso sob risco, segundo especialistas.

O texto final aprovado em segunda votação hoje é um substitutivo do deputado Nininho (PSD). O Projeto de Lei Complementar 18/2024, em sua origem, no entanto, era muito diferente. De autoria do Executivo, a proposta original propunha apenas uma mudança na base dos dados usados pelo governo matogrossense para fins de aplicação de seu Código Ambiental.

Desde que começou a tramitar, em 22 de maio de 2024, o PLC 18/2024 recebeu vários substitutivos, que alteraram substancialmente seu conteúdo. Por meio de costuras internas entre parlamentares, os substitutivos foram sendo aprovados nas comissões da Casa e chegaram ao Plenário.

O PLC 18/2024 não constava na Ordem do Dia da Sessão Plenária desta quarta-feira, mas acabou entrando “de surpresa” por meio de mais uma dessas manobras, dizem organizações ambientais do estado.

Segundo professores de instituições de pesquisa matogrossenses, entre elas a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e a Universidade do Estado do Mato Grosso (Unemat), a proposta da Assembleia Legislativa desconsidera mapeamentos oficiais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e ignora metodologia científica nacional de classificação da vegetação brasileira, estabelecida no Mapa de Vegetação do Brasil, referência aprovada e adotada em todas as políticas ambientais e de gestão territorial do Brasil.

Mapa elaborado por um esforço técnico de diversos órgãos e pesquisadores de instituições de pesquisa matogrossenses.

A ((o))eco, o professor da Unemat Ben Hur Marimon Junior explicou que a redução na área de Reserva Legal de 80% para 35% coloca sob risco 5.166.808 hectares de florestas estacionais no Estado, que estarão passíveis de desmatamento.

“Quando retiramos todas as áreas de proteção – Parque do Xingu, Parque do Ronuro e outros – e também as novas áreas de Reserva Legal de 35%, conforme a proposta, temos um líquido de mais de cinco milhões de hectares ameaçados. Esta conta é o resultado de um esforço de técnicos de diversos órgãos e academia”, explicou.

Segundo apurou a reportagem, a sociedade civil organizada já se prepara para frear a proposta. Além da elaboração de um documento técnico por parte da sociedade científica matogrossense, organizações ambientalistas já estão se mobilizando para judicializar o projeto, caso seja sancionado pelo governador Mauro Mendes (União).

Leia mais