11 Janeiro 2025
"Isso é por vezes erradamente visto como uma expressão de um hedonismo pouco bíblico, um encorajamento ao prazer a todo o custo, ou mesmo um hino à juventude. O Eclesiastes exprime na realidade uma verdade elementar: o tempo da felicidade não é a juventude, mas o presente. O futuro é incerto, a felicidade é frágil e muitas vezes inexplicável: é preciso agarrá-la quando passa. Mas como?", escreve Adrien Candiard, frade dominicano, membro do Instituto Dominicano de Estudos Orientais e autor de vários ensaios, em artigo publicado por Avvenire, 07-01-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.
A juventude é a idade mais bela da vida. Pelo menos, é o que dizem os idosos, e o Eclesiastes deve fazer parte da categoria, uma vez que partilha com eles esse lugar-comum, convidando os jovens a aproveitar ao máximo a vida “no tempo da juventude e dos cabelos pretos”. Aproveitar antes que seja tarde demais, antes que cheguem os dias em que se dirá “não tenho neles contentamento”, antes dessa velhice que ele descreve, com imagens sugestivas, como a noite em que as sombras se alongam (Ec 12,1-7). Para os jovens, portanto, só há um mandamento: “Alegre-se, jovem, na sua mocidade! Seja feliz o seu coração nos dias da sua juventude! Siga por onde seu coração mandar, até onde a sua vista alcançar” (Ec 11,9).
Isso é por vezes erradamente visto como uma expressão de um hedonismo pouco bíblico, um encorajamento ao prazer a todo o custo, ou mesmo uma ode à juventude. O Eclesiastes exprime na realidade uma verdade elementar: o tempo da felicidade não é a juventude, mas o presente. O futuro é incerto, a felicidade é frágil e muitas vezes inexplicável: é preciso agarrá-la quando passa. Mas como?
No fim do seu árduo questionamento, o Eclesiastes não o esclarecerá. Mas ter um coração aberto à felicidade é o desafio lançado ao profeta Jeremias, que assim descreve o homem de coração endurecido: “Porque ele será como um arbusto solitário no deserto e não verá quando vier o bem” (Jr 17,6) - aquele bem supremo que é a felicidade.
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O tempo da felicidade. Artigo de Adrien Candiard - Instituto Humanitas Unisinos - IHU