18 Dezembro 2024
"Pessoalmente, desejo que a ‘COP da Floresta’ vá além dos acordos climáticos e se torne um marco para a justiça social na Amazônia", escreve Renata Mello, produtora de conteúdo da Alter Conteúdo, em artigo publicado por Alter Conteúdo, 17-12-2024.
Eis o artigo.
2024 foi um ano quente. Literalmente, e mais do que o normal. De acordo com o Copernicus, programa de observação da Terra da União Europeia, é ‘virtualmente certo’ que este é o ano mais quente já registrado desde a era pré-industrial, ultrapassando pela primeira vez o limite de 1,5°C de aumento na temperatura global estabelecido pelo Acordo de Paris.
Apesar dos eventos climáticos extremos que marcaram o ano e afetaram inúmeras cidades ao redor do mundo, a COP 29 terminou em Baku com um balde de água fria (nada refrescante) sobre nossas cabeças. Com a meta de financiamento climático acordada em US$ 300 bilhões anuais até 2035 para países em desenvolvimento, que estimam precisar de mais de US$ 1,3 trilhão por ano, e sem compromissos claros para a transição dos combustíveis fósseis, quem pode ter deixado o Azerbaijão com a sensação de dever cumprido?
Agora, a ‘batata quente’ já está com o Brasil. Com os resultados frustrantes da conferência do clima deste ano, as expectativas para a COP30, em Belém, são altas, especialmente pelo simbolismo de acontecer no coração da Amazônia. Como sabemos que uma conferência desse porte e importância não acontece em apenas duas semanas, temos no horizonte de 2025 um ano fervoroso. Até novembro, muita água vai rolar.
O governo se prepara para uma agenda de trabalho intensa envolvendo diversos grupos ao longo do ano, a fim de construir uma estratégia sólida e alinhada para consolidar o país como líder global na economia de baixo carbono. Além disso, espera-se uma participação popular mais ativa, considerando a natureza calorosa da sociedade civil organizada brasileira – e o fato de as três últimas COPs terem acontecido em países pouco afeitos à democracia e que reprimem manifestações populares e opiniões divergentes.
Com os olhos do mundo voltados para a Amazônia, é fato que a COP 30, já apelidada de ‘COP da Floresta’, será marcante. O evento é visto como uma oportunidade histórica para o Brasil impulsionar ações concretas em prol da proteção do maior bioma do mundo, indispensável para regulação global do clima.
Pessoalmente, desejo que a ‘COP da Floresta’ vá além dos acordos climáticos e se torne um marco para a justiça social na Amazônia. Ao empoderar comunidades indígenas e tradicionais, apoiando seu papel vital na preservação da biodiversidade e dos ecossistemas, poderemos vislumbrar um modelo de desenvolvimento econômico genuinamente sustentável.
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