Na continuidade da assembleia que está sendo realizada em Pilar, os bispos católicos elegeram quem presidirá as diferentes comissões episcopais. Dante Braida (La Rioja) estará à frente da Pastoral Social, e Gustavo Carrara (auxiliar de Buenos Aires) será o presidente da Cáritas. A maioria dos eleitos são bispos nomeados por Francisco e seguem suas orientações.

A reportagem é de Washington Uranga, jornalista e pesquisador em comunicação argentino, publicado por Página|12, 14-11-2024.

No terceiro dia da assembleia plenária que ocorre em Pilar (Buenos Aires), os bispos católicos elegeram os presidentes da maioria das comissões episcopais que acompanharão, em aspectos temáticos, o presidente Marcelo Colombo, arcebispo de Mendoza, escolhido no dia anterior. Entre as novas designações, destacam-se dom Dante Braida, bispo de La Rioja, como novo titular da Pastoral Social, sucedendo no cargo o bispo de Lomas de Zamora, dom Jorge Lugones. A Caritas será presidida por Gustavo Carrara, bispo auxiliar e vigário geral de Buenos Aires, conhecido também por sua animação da pastoral nas vilas e pelo apoio aos sacerdotes que trabalham em comunidades populares.

Braida, nascido em Reconquista (Santa Fé) em 1968, é sacerdote desde 1996. O papa Francisco o nomeou primeiro bispo auxiliar de Mendoza (2015) e, depois, em 2018, titular da diocese de La Rioja.

Em uma mensagem recente aos peregrinos de Las Padercitas, o bispo riojano – que faz uma invocação permanente do beato dom Enrique Angelelli e de companheiros mártires, assassinados pela ditadura militar – fez um convite para "caminhar juntos na Igreja e trabalhar por uma sociedade mais justa, onde todos os seus habitantes possam viver em paz e trabalhar solidariamente pelo bem dos outros".

Dom Gustavo Carrara, o novo presidente da Cáritas, que sucederá nessa tarefa dom Carlos Tissera (Quilmes), nasceu em Buenos Aires em 1973 e foi ordenado sacerdote em 1998 pelo então dom Jorge Bergoglio, arcebispo que, em 2017, já como Papa Francisco, também o nomeou bispo. É considerado um homem de grande compromisso social, demonstrado por seu trabalho nas favelas, pelo acompanhamento aos setores populares com os “padres de vila” e através da obra dos Lares de Cristo. O arcebispo de Buenos Aires, Jorge García Cuerva, também o nomeou como seu braço direito, designando-o como vigário geral.

Carrara é um decidido impulsionador dos projetos de integração dos bairros populares. A respeito disso, ele afirmou que “quando falávamos de integração, queríamos dizer que os moradores dos bairros populares não apenas dão o que pensar, mas pensam; não apenas dão o que sentir, mas sentem; e não apenas padecem as injustiças, mas geram soluções para resolvê-las”. Na mesma ocasião, defendeu que “não se pode cortar pelos mais pobres” e pediu por “uma presença inteligente e necessária do Estado, pois, do contrário, o narcotráfico avança, mata pessoas concretamente e hipoteca a vida de crianças e adolescentes”.

Dando continuidade às eleições, os bispos também nomearam os titulares de outras comissões episcopais. O até então secretário-geral do episcopado, Alberto Bochatey, administrador apostólico de La Plata, será o presidente da Comissão de Fé e Cultura, e dom Ramón Dus, arcebispo de Resistencia, ocupará o mesmo cargo na Comissão de Catequese, Animação e Pastoral Bíblica, enquanto dom Damián Nannini, bispo de San Miguel, será o presidente da Comissão de Ministérios.

Dom Héctor Zordan, bispo de Gualeguaychú, foi eleito como titular da Comissão de Vida Consagrada; dom Ariel Torrado Mosconi, bispo de 9 de Julho, na Comissão de Liturgia; e dom Jorge González, bispo auxiliar de La Plata, em Educação Católica.

O arcebispo sanjuanino dom Jorge Lozano presidirá a Comissão de Comunicação Social, e o Conselho de Assuntos Econômicos estará a cargo de dom Sergio Buenanueva, bispo de San Francisco, enquanto dom Carlos Azpiroz Costa, arcebispo de Bahía Blanca – que até agora foi o vice-presidente segundo do episcopado – assumirá a Comissão Episcopal de Missões.

Um fato significativo é que a maioria dos escolhidos para ocupar posições de destaque dentro da Conferência Episcopal são bispos que chegaram a essa condição por indicação de Francisco. Embora o Papa não tenha intervenção direta no processo eleitoral, é inegável que o perfil dos escolhidos reflete a influência do pensamento de Bergoglio na renovada direção do episcopado.

Como delegados regionais para a Comissão Permanente – um órgão com representação federal que atua entre as assembleias – foram eleitos Carlos Sánchez (NOA); Gustavo Montini (NEA); Roberto Alvarez (Patagônia); Jorge Eduardo Scheinig (Platense); Guillermo Caride (Buenos Aires); Gabriel Barba (Cuyo); Ricardo Araya (Centro); e Gustavo Zurbridgen (Litoral).

Ainda faltam os nomes dos membros de cada uma das comissões episcopais, mas, ao mesmo tempo, os bispos dedicarão um tempo para debater as diretrizes gerais da nova gestão, tanto em relação à vida interna da Igreja como à sua relação com a sociedade e com o governo liderado por Javier Milei.

É provável que – como é habitual – a nova liderança do episcopado solicite uma audiência com o Presidente para lhe expressar uma saudação natalina, quando, em dezembro, os novos integrantes da Comissão Permanente se reunirem em Buenos Aires.

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