11 Novembro 2024
A reportagem é de Salvatore Cernuzio, publicada por Religión Digital, 09-11-2024.
"Rezar juntos", com um pensamento voltado a tantos irmãos e irmãs cristãos do Oriente Médio para que "testemunhem Cristo nas terras atormentadas pela guerra". Portanto, "caminhar juntos" e "trabalhar juntos" com o mesmo objetivo que seus predecessores João Paulo II e Mar Dinkha IV ao assinarem a Declaração Cristológica Comum em 1994: "Plena unidade". Ou seja, a esperança de alcançar "o dia abençoado em que poderemos celebrar juntos no mesmo altar e comungar do mesmo Corpo e Sangue do Salvador".
O Papa Francisco recebe no Vaticano Mar Awa III, Patriarca da Igreja Assíria do Oriente, por ocasião dos trinta anos da assinatura do documento que confirmou "um passo fundamental no caminho para a plena comunhão", mas que sobretudo resolveu milênios de polêmicas entre a comunidade católica e a oriental.
Na audiência realizada no Palácio Apostólico, que também comemora o 40º aniversário da primeira visita a Roma de um Patriarca assírio, estão presentes os membros da Comissão Mista para o Diálogo Teológico entre a Igreja Católica e a Igreja Assíria do Oriente, que iniciou seus trabalhos em 1984, também por iniciativa de Wojtyla e Mar Dhinka, e que agora deu início a uma nova fase de diálogo sobre a liturgia.
O Papa Francisco dá as boas-vindas a todos, citando as palavras de Unitatis redintegratio, o decreto conciliar sobre o ecumenismo, que celebra em novembro seu sexagésimo aniversário: "O Senhor dos séculos, nos últimos tempos, começou a derramar com mais abundância nos cristãos separados entre si o sentimento interior de arrependimento e desejo de união". Em seguida, o Papa cita o "grande" e "bom" Ioannis Zizioulas, teólogo ortodoxo, metropolitano maior de Pérgamo, falecido em 2023, que sempre foi definido como um "pioneiro do ecumenismo".
"Passo a passo, lentamente...", repete o Pontífice, guiado sempre nesse caminho pelo "desejo de unidade", que "é uma graça que inspirou o movimento ecumênico desde suas origens e que devemos cultivar constantemente". Um "desejo" antigo e sempre novo, o de unidade, no centro da Declaração Cristológica Comum entre as duas igrejas que, lembra Jorge Mario Bergoglio, "pôs fim a 1.500 anos de polêmicas doutrinárias sobre o Concílio de Éfeso", reconhecendo "a legitimidade e exatidão das diversas expressões de nossa fé cristológica comum".
A Declaração Cristológica Comum deu origem também à criação de uma Comissão Mista para o diálogo teológico entre as duas Igrejas. Os resultados de seu trabalho foram "notáveis", sublinha o Pontífice, recordando alguns acordos doutrinários e pastorais assinados nos últimos anos. Por isso, expressa seu agradecimento a todos os teólogos que integram a Comissão por seu compromisso.
"Essa unidade na fé já foi alcançada pelos santos de nossas igrejas. Eles são nossos melhores guias no caminho para a plena comunhão", acrescenta o Papa. E, animado também pelo recente Sínodo sobre a Sinodalidade, anuncia que o "grande Isaque de Nínive", um dos padres mais venerados da tradição oriental-síria, reconhecido como "mestre e santo de todas as tradições", será introduzido no Martirológio Romano.
Bergoglio pede a intercessão de São Isaque pelos cristãos de todo o Oriente Médio e para que "continue florescendo a amizade entre nossas Igrejas", até a comunhão Eucarística.
No fim da audiência, o Papa convida todos os presentes a rezarem juntos o Pai Nosso: "Cada um deve rezá-lo segundo sua própria tradição e sua própria língua, em voz baixa".
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Francisco e o patriarca assírio concordam em incluir São Isaque de Nínive no Martirológio Romano - Instituto Humanitas Unisinos - IHU