24 Outubro 2024
“Durante anos, insistimos que o governo mexicano abordasse as ameaças e agressões contra ele, mas nunca implementaram medidas para garantir sua vida, segurança e bem-estar”, escreveu o centro de direitos humanos Fray Bartolome de las Casas.
A reportagem é de Megan Janetsky, Victor R. Caivano, Rodrigo Abd, publicada por Associated Press e reproduzida por National Catholic Reporter, 23-10-2024.
Centenas de pessoas compareceram na terça-feira ao enterro do padre católico Marcelo Pérez, um ativista dos povos indígenas e trabalhadores rurais que foi morto no estado de Chiapas, no sul do México.
Cerca de 2.000 enlutados gritavam frases como “Justiça para Marcelo”. O reverendo Pérez trabalhou incansavelmente para trazer paz às terras altas e regiões fronteiriças de Chiapas, onde dois cartéis de drogas lutam pelo controle.
Promotores estaduais anunciaram que prenderam um homem suspeito de executar o assassinato, mas não revelaram sua identidade nem forneceram um possível motivo para o assassinato de domingo.
No entanto, promotores federais anunciaram que estão assumindo o caso, uma atitude que sugere que eles acreditam que o crime organizado estava envolvido no assassinato.
Pérez foi sepultado em sua cidade natal, San Andrés Larrainzar. Ele era membro do grupo indígena Tzotzil e estava entre o número relativamente pequeno de padres indígenas em Chiapas.
Pérez, de 50 anos, recebia ameaças com frequência, mas mesmo assim continuou a trabalhar como ativista pela paz. Defensores dos direitos humanos disseram que Pérez não teve a proteção governamental de que precisava.
“Durante anos, insistimos que o governo mexicano abordasse as ameaças e agressões contra ele, mas nunca implementaram medidas para garantir sua vida, segurança e bem-estar”, escreveu o centro de direitos humanos Fray Bartolome de las Casas.
Embora não houvesse informações imediatas sobre o assassinato — a presidente Claudia Sheinbaum apenas disse que “investigações estão sendo realizadas” — os esforços de paz e mediação do Rev. Pérez podem ter irritado um dos cartéis de drogas.
O estado de Chiapas é uma rota lucrativa para o contrabando de drogas e migrantes.
“O padre Marcelo Pérez foi alvo de constantes ameaças e agressões por parte de grupos do crime organizado”, segundo o centro de direitos humanos, acrescentando que seu assassinato “ocorreu no contexto de uma grave escalada de violência contra a população em todas as regiões de Chiapas”.
Pelo menos nos últimos dois anos, os cartéis de Sinaloa e Jalisco têm se envolvido em sangrentas batalhas territoriais que envolvem matar famílias inteiras e forçar moradores a tomar partido na disputa. Centenas de moradores de Chiapas tiveram que fugir para a vizinha Guatemala para sua própria segurança.
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Enterro realizado para padre católico e ativista pela paz indígena morto no sul do México - Instituto Humanitas Unisinos - IHU