11 Outubro 2024
Independentemente de o Sínodo dos Bispos para a Amazônia ajudar ou não a abrir as portas para a ordenação de mulheres ao diaconato, as mulheres continuarão a desempenhar um papel fundamental no ministério da igreja na região, disseram as religiosas.
A reportagem é de Bárbara J. Fraser, publicada por Global Sisters Reporter, 18-10-2019.
A Igreja Católica não precisa "criar ministérios (para mulheres), porque as mulheres já estão presentes" como ministras em comunidades remotas, disse a jornalistas a Irmã Mary Agnes Mwangi, Missionária da Consolata que trabalha no Brasil, em 18 de outubro.
Mwangi é uma das 10 irmãs eleitas pela União Internacional de Superioras Gerais para serem observadoras no Sínodo. Diferentemente dos religiosos eleitos por seus superiores gerais, as mulheres não são membros votantes.
Além de guiar suas famílias, as mulheres constroem solidariedade em suas comunidades e estão envolvidas na formação, tanto informalmente quanto como professoras, disse Mwangi. Elas também servem como catequistas, lideram liturgias da Palavra, preparam as pessoas para receber os sacramentos e "ouvem muito", disse ela.
32 religiosos e leigos estão participando do Sínodo, disse a irmã capuchinha Daniela Adriana Cannavina, secretária-geral da Confederação Latino-Americana e Caribenha de Religiosos (CLAR).
"A voz da vida religiosa, especialmente das mulheres, foi ouvida" nas sessões plenárias e discussões em pequenos grupos nas quais as recomendações do sínodo serão baseadas, disse Cannavina. "Esta é uma hora profética para a vida religiosa".
Vários participantes do sínodo, tanto mulheres quanto bispos, defenderam que mulheres fossem ordenadas diáconas como forma de reconhecer a importância de seu papel na igreja amazônica.
Mesmo que o Papa Francisco aceite essa proposta, implementá-la levará tempo, disse Cannavina. Enquanto isso, as mulheres devem se envolver mais na tomada de decisões e assumir mais papéis de liderança no trabalho pastoral, incluindo formação e catequese. As mulheres também devem se envolver na formação de seminaristas, disse ela.
A vida religiosa na Amazônia deve ser marcada por quatro características, disse Cannavina. Primeiro, deve ser intercultural, pois as irmãs mergulham na cultura do lugar em que vivem. Segundo, as irmãs estão cada vez mais formando equipes intercongregacionais para trabalhar em um lugar específico ou em uma questão, como o tráfico de pessoas.
A terceira característica é o diálogo, especialmente entre pessoas envolvidas no trabalho pastoral e leigos, para promover a responsabilidade compartilhada, ela disse. As irmãs também equilibram "itinerância e presença", ela disse. Enquanto as irmãs tendem a ser mais enraizadas nas comunidades, em comparação com os padres que podem visitar as aldeias apenas brevemente para administrar sacramentos, elas também representam uma igreja que "sai" de sua zona de conforto e busca novos caminhos, ela disse.
Um desses caminhos levou a Irmã de Nossa Senhora Raimunda Nonata de Aguiar Bezerra até as franjas de Rio Branco, Brasil, perto das fronteiras remotas daquele país com o Peru e a Bolívia. Famílias que são forçadas a deixar suas vilas rurais e se mudar para a cidade se estabelecem ao redor da periferia da cidade, onde enfrentam pobreza e dificuldades.
Em bairros periféricos marcados pela pobreza, tráfico de drogas, prostituição e desemprego, o suicídio é comum entre jovens que não veem futuro, disse Bezerra. Mulheres e meninas, especialmente, correm o risco de serem apanhadas por traficantes de pessoas que as atraem com promessas de trabalho e depois as transportam através das fronteiras mal controladas dos países para o comércio sexual.
Para a Irmã Nelly Sempertegui Ramirez, das Servas do Sagrado Coração de Jesus, o caminho levou à região norte da Amazônia, no Peru, onde ela dirige e leciona em um instituto tecnológico pós-secundário.
Poucas jovens mulheres lá têm a chance de obter educação superior, mas quando os pais apoiam suas filhas em seus estudos, essas jovens mulheres se tornam aquelas que lutam pelos direitos de suas comunidades, ela disse. Ela e outras irmãs envolvidas na educação ajudaram a "levantar o clamor dos jovens" durante o sínodo, ela disse.
"Somos missionárias — nascemos para a missão", disse a Irmã Gloria Liliana Franco Echeverri da Ordem da Companhia de Maria, Nossa Senhora, presidente da CLAR. "Nascemos para ir a esses lugares onde outros não vão".
Essa missão, disse ela, decorre "da convicção de que a vida consagrada é uma profecia e, neste momento da história, em que a Amazônia enfrenta tantos problemas complexos, não podemos esquecer essa importante nuance da vida religiosa".
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Papel das mulheres na Igreja amazônica não depende do diaconato, dizem irmãs - Instituto Humanitas Unisinos - IHU