26 Setembro 2024
Incêndios na Amazônia e Pantanal transformam “rios voadores” em disseminadores de fumaça nos Sul e Sudeste; SP registra piores índices de poluição atmosférica na década.
A informação é publicada por ClimaInfo, 26-09-2024.
A explosão dos casos de queimadas e incêndios na Amazônia e no Pantanal nos últimos meses espalhou densas plumas de fumaça nos céus da maior parte do Brasil. Uma análise divulgada pelo jornal O Globo destacou que a fumaça está alcançando mais de 80% do território do país, cerca de 7 milhões de km2.
A disseminação da fumaça acontece a partir de um fenômeno parecido com os “rios voadores”, nos quais a Amazônia funciona como uma “bomba” que puxa a umidade do oceano Atlântico e a distribui para dentro do continente sul-americano, correndo ao longo da porção oriental da Cordilheira dos Andes.
Com a Amazônia sofrendo uma das piores secas da história, a umidade deu lugar à fumaça das queimadas nos últimos meses. O clima seco também auxilia na disseminação da fumaça para outras áreas do país, tornando-a também persistente por mais tempo.
Além dos focos principais de fogo na Amazônia e no Pantanal, soma-se a fumaça emitida por milhares de focos locais, o que intensifica a pluma de poluentes e dificulta sua dispersão. Como resultado, capitais como São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro estão cobertas pelo céu característico de cidades próximas das áreas com fogo mais intenso, como Corumbá (MS) e Rio Branco (AC).
O caso de São Paulo é sintomático desse quadro de poluição atmosférica generalizada. Dados da CETESB analisados pela Folha indicam que o estado registrou em 2024 os piores níveis de poluição inalável da década. As partículas finas, provenientes dos incêndios florestais, e as originadas de processos no solo e na indústria apresentaram concentração respectiva de 42% e 52% acima da meta de qualidade do ar.
Já o Correio Braziliense abordou os resultados de um estudo da Universidade de Brasília (UnB) que monitorou a poluição atmosférica relacionada aos incêndios da última semana no Parque Nacional de Brasília. Uma sonda meteorológica instalada no campus da UnB captou níveis de contaminação até 16 vezes maiores que os valores de referência estabelecidos pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA).
Especialistas consultados pela Folha indicaram que a esmagadora maioria dos focos de incêndios e queimadas registrados no Brasil desde o início do ano tem origem em ação humana. O fogo decorrente de fenômenos naturais, como raios, é praticamente irrelevante em termos estatísticos. Isso reforça a responsabilidade humana na ocorrência de fogo nos biomas brasileiros, principalmente por ação criminosa.
Os incêndios no estado de São Paulo já somam uma área de quase meia capital paulista. Neste ano, cerca de 66.870 hectares foram devastados pelo fogo no território paulista, o equivalente a 44% da cidade de SP. A Folha destacou a situação da reserva biológica Augusto Ruschi, em Sertãozinho: mais de 90% de seus 840 hectares foram varridos pelas chamas no início do mês, dizimando até 80% da fauna local.
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Brasil em chamas: fumaça dos incêndios chega a 80% do Brasil devido a mudança no padrão do vento - Instituto Humanitas Unisinos - IHU