Jesus pode nos ajudar, antes de tudo, a conhecer-nos melhor. O seu evangelho nos faz pensar e nos obriga a colocar-nos as questões mais importantes e decisivas da vida. O seu modo de sentir e de viver a existência, o seu modo de reagir ao sofrimento humano, a sua confiança indestrutível num Deus amigo da vida é o melhor que a história humana deu.
O comentário é de José Antonio Pagola, teólogo espanhol, referente ao Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 8,27-35, que corresponde ao 24° Domingo do Tempo Comum, ciclo B do Ano Litúrgico, publicado por Religión Digital, 09-09-2024.
"Quem você diz que eu sou?" Não sei exatamente como os cristãos de hoje responderão a esta pergunta sobre Jesus, mas talvez possamos intuir um pouco como pode ser para nós nestes momentos se conseguirmos encontrá-lo com mais profundidade e verdade.
Jesus pode nos ajudar-nos, antes de tudo, a conhecer melhor. O seu evangelho nos faz pensar e nos obriga a colocar-nos as questões mais importantes e decisivas da vida. O seu modo de sentir e de viver a existência, o seu modo de reagir ao sofrimento humano, a sua confiança indestrutível num Deus amigo da vida é o melhor que a história humana deu.
Acima de tudo, Jesus pode nos ensinar um novo estilo de vida. Quem dele se aproxima não é tanto atraído por uma nova doutrina, mas convidado a viver de uma forma diferente, mais enraizada na verdade e com um horizonte mais digno e esperançoso.
Jesus também pode nos libertar de formas pouco saudáveis de viver a religião: fanatismo cego, desvios legalistas, medos egoístas. Pode, sobretudo, introduzir na nossa vida algo tão importante como a alegria de viver, o olhar compassivo para com as pessoas, a criatividade de quem vive amando.
Jesus pode nos redimir das imagens doentias de Deus que carregamos sem medir os efeitos nocivos que elas têm sobre nós. Pode nos ensinar a experimentar Deus como presença próxima e amiga, fonte inesgotável de vida e de ternura. Deixar-nos guiar por Ele nos levará ao encontro de um Deus diferente, maior e mais humano que todas as nossas teorias.
Sim, de fato. Para encontrar Jesus de forma um tanto autêntica, devemos ousar sair da inércia e da imobilidade, recuperar a liberdade interior e estar dispostos a “nascer de novo”, deixando para trás a observância rotineira e enfadonha de uma religião convencional.
Sei que Jesus pode ser o curador e libertador de muitas pessoas que vivem presas pela indiferença, distraídas pela vida moderna, paralisadas por uma religião vazia ou seduzidas pelo bem-estar material, mas sem caminho, sem verdade e sem vida.