11 Setembro 2024
O poema a seguir é de Célio Turino, historiador e escritor, caminha por aí, semeando as ideias da cultura viva e do bem-viver, enviado pelo autor ao Instituto Humanitas Unisinos - IHU.
Eis o poema.
Coragem!
Sejamos camaradas por um outro mundo,
Esse que aí está não nos serve mais.
A civilização se desfaz
No rastro de tanta ganância,
Tanta queimada
Voraz.
O futuro agoniza
Feito carvão na garganta.
As chamas que encobrem o Brasil
não são só fogo,
são o grito solto do solo seco.
E ninguém ouve,
Só respira
Fuligem.
As chamas que encobrem o Brasil
São as terras dizimadas,
Os animais carbonizados,
As florestas queimadas,
Os sonhos sufocados.
Olhem para os céus!
Não são nuvens,
são fuligem.
Quando a chuva vier,
Não será chuva,
serão lágrimas.
Lágrimas de um planeta
esfolado vivo.
Mas ainda há tempo
(será que há?)
Seremos capazes de deter o sufoco?
A agonia em fumaça.
Coragem!
Devemos apagar essa fumaça
como o sol dissolve a névoa
ao amanhecer.
Olhem para os céus!
Não são nuvens
São fuligem da ganância,
Cinzas da vil exploração.
Não há civilização possível
sem refazer o mundo
no calor da luta.
Lutemos!
Apaguemos o fogo no planeta
Com a chama de nosso coração.
Coragem!
A revolução ecológica é urgente
como o sopro
para um pulmão sufocado.
Sejamos o vento
que varre a poeira da história.
Coragem!
(Célio Turino)
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