Kiril pede ao Papa Francisco que defenda a Igreja Ucraniana leal à Rússia após sua proibição na Ucrânia

Papa Francisco com a bandeira ucraniana (Foto: Vatican Media)

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27 Agosto 2024

  • Kiril dirigiu-se a Francisco e a outros líderes religiosos para que defendam a Igreja Ortodoxa Ucraniana, proibida por lei devido à sua lealdade a Moscou.

  • Kiev vê a Igreja ligada a Moscou como um apêndice do Kremlin para enfraquecer a causa nacional ucraniana e promover a ideologia pró-Rússia.

A reportagem é publicada por Religión Digital, 25-08-2024.

O patriarca ortodoxo russo, Kiril, dirigiu-se ao Papa Francisco e a outros líderes religiosos mundiais para que defendam a Igreja Ortodoxa Ucraniana, proibida por lei devido à sua lealdade a Moscou. A declaração também é dirigida em nome de Justin Welby, arcebispo de Canterbury, e Mar Awa III, patriarca católico da Igreja Assíria do Oriente, entre outros líderes religiosos.

"Faço um apelo para levantar a voz em defesa dos fiéis perseguidos da Igreja Ortodoxa Ucraniana", afirma a declaração, publicada logo após a lei aprovada pelo Parlamento ucraniano (Rada Suprema) ter sido promulgada pelo presidente Volodymyr Zelenski.

Kiril condena a campanha difamatória lançada contra a Igreja subordinada ao patriarcado russo com o objetivo de justificar a violência contra os padres e fiéis, incluindo o encarceramento em casos penais "fabricados".

Tomada massiva de templos

Também denunciou a "tomada massiva de templos" e o fato de que as autoridades optaram pela proibição total ao não conseguirem enfraquecer a unidade da Igreja.

"Como resultado da aprovação da lei, centenas de mosteiros, milhares de comunidades e milhões de fiéis ortodoxos na Ucrânia ficarão fora do marco legal, perdendo suas propriedades e seus locais de oração", ressalta.

Também insiste que a lei assinada por Zelenski contraria a própria Constituição ucraniana e o direito internacional, o que foi denunciado pelas principais organizações internacionais de direitos humanos.

A Ucrânia dá nove meses para cortar laços

A Lei sobre a Proteção da Ordem Constitucional na Esfera das Atividades das Organizações Religiosas concede às paróquias nove meses para cortar laços com a Igreja Ortodoxa Russa, estreitamente vinculada ao Kremlin.

Zelenski, que anunciou sua decisão de reforçar "a independência espiritual dos ucranianos", assegurou que contou com o apoio do patriarca ecumênico de Constantinopla, Bartolomeu, que já apoiou em 2018 a criação da independente Igreja Ortodoxa da Ucrânia.

Kiev, que acusa Kiril de defender a agressão russa e de afirmar que os mortos na guerra terão todos os seus pecados perdoados, vê a Igreja ligada a Moscou como um apêndice do Kremlin para enfraquecer a causa nacional ucraniana e promover a ideologia pró-Rússia.

Clero acusado de cooperar com os russos da Igreja Ortodoxa Ucraniana contava no início de 2022 com mais de 8.500 paróquias na Ucrânia, embora, após a guerra, cerca de 600 tenham se subordinado à Igreja Ortodoxa da Ucrânia, que surgiu da unificação do patriarcado de Kiev com a igreja autocéfala.

Seu clero tem sido acusado de não condenar de forma inequívoca a campanha militar russa, de não romper completamente seus laços com Moscou e de cooperar com as autoridades de ocupação nos territórios conquistados pelo exército inimigo.

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