07 Mai 2024
Tel Aviv vira as costas para as negociações internacionais que pedem um cessar-fogo e invade Rafah, o último refúgio dos palestinos da Faixa de Gaza expulsos pela ofensiva israelense.
A reportagem é publicada por El Salto, 07-05-2024.
A história se repete em Gaza com menos de seis meses de diferença. Depois de exigir uma evacuação impossível de centenas de milhares de palestinos aglomerados na fronteira sul de Gaza com o Egito, as forças israelenses iniciaram uma ofensiva em Rafah, a última cidade da Faixa que Tel Aviv ainda não controla.
Entre bombardeios e ataques a residências, os tanques israelenses avançaram durante a noite e tomaram posse do cruzamento de fronteira de Rafah, usado, de acordo com o exército israelense, para "fins terroristas". As primeiras imagens divulgadas do ataque confirmam bombardeios contra instalações civis. Fontes palestinas estimam em 20 o número de mortos, oito dos quais são menores, devido aos primeiros bombardeios. O exército não apenas assumiu o controle da passagem de fronteira entre Gaza e o Egito, mas também do lado palestino da fronteira entre Gaza e Israel, ambos localizados a poucos quilômetros de distância.
Enquanto isso, o exército de Israel continua pressionando as organizações internacionais e mais de um milhão de palestinos que já foram deslocados de outras regiões da Faixa para que abandonem a área de operações. Segundo a Al Jazeera, os palestinos deslocados estão sendo empurrados em direção a al-Mawasi, na costa.
Até agora, trata-se de uma ofensiva limitada, mas que fechou a única via restante para os palestinos saírem ou entrarem em Gaza, que agora está sob controle israelense, de acordo com esta cadeia de televisão do Qatar. Desde 7 de outubro, entre 80.000 e 100.000 palestinos conseguiram deixar a Faixa através deste ponto. Os ataques também interromperam o fluxo de ajuda humanitária, com a ONU advertindo que um ataque generalizado a Rafah poderia causar uma nova catástrofe humanitária.
Benjamin Netanyahu continua afirmando que o controle israelense sobre Rafah e toda a Faixa é a única maneira de evitar que o Hamas se reconstrua.
Com esta ação, o governo ultradireitista de Benjamin Netanyahu volta as costas às demandas da comunidade internacional, incluindo alguns de seus principais aliados, que estiveram pressionando por mais de um mês para que Israel não atacasse Rafah.
A ofensiva das forças israelenses ocorre no contexto das negociações no Egito, onde o Hamas finalmente aceitou a proposta de cessar-fogo lançada pelos mediadores internacionais — Egito, Qatar e Estados Unidos —, um acordo que foi prontamente rejeitado por Tel Aviv por estar "longe das demandas essenciais de Israel". Diante das pressões do próprio presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que na segunda-feira pediu a Netanyahu um cessar-fogo como a melhor opção para garantir a libertação dos reféns, o líder ultradireitista continua a afirmar que o controle israelense sobre Rafah e toda a Faixa é a única forma de evitar que o Hamas se reconstrua. Netanyahu próprio afirmou na noite passada que esta operação é apenas o começo de uma invasão generalizada desta cidade.
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Israel ataca Rafah e assume o controle da passagem de fronteira com o Egito - Instituto Humanitas Unisinos - IHU