09 Abril 2024
"Parece que faz sentido as palavras dos reitores das universidades que afirmam, tanto em seus fóruns como nos posicionamentos da ANDIFES, que não sabem como vão bancar as despesas de água, energia e o pagamento da folha dos terceirizados, segurança e limpeza a partir de setembro, pois o dinheiro vai acabar. Não sabem como vão pagar as bolsas de assistência estudantil", escreve Jaci Guilherme Vieira, professor do Departamento de História da Universidade Federal de Roraima (UFRR).
“Só a luta muda a vida.”
Saímos de um governo genocida que se negou a comprar vacina ao povo brasileiro, um governo de extrema-direita, inoperante que não tinha quadros e que não conseguiu ao longo de quatro anos de governo inaugurar uma obra de grande vulto, capaz de beneficiar a sociedade. Não inaugurou uma única universidade ou um Instituto Federal para ficarmos apenas neste exemplo.
Depois desse período carregado entramos num governo de conciliação de classe, omisso, que pede aos seus ministros para cancelar qualquer menção ao golpe civil-militar de 1964, pede para esquecer as torturas, os torturadores e os assassinatos cometidos por mais de 21 anos neste país. Em troca, os militares não comemoram o golpe nos quartéis e negociam um aumento salarial ainda para este ano. Mas ainda piora, pois esse governo hoje está nas mãos do presidente do Congresso Nacional, Arthur Lira (PP), investigado por corrupção, e com moral para abrir a sessão do Congresso nacional deste ano afirmando: “O orçamento não é do Executivo” e prometeu na mesma fala derrubar os vetos que porventura venha do governo. Este acuado, não responde nem na calada da noite às provocações de "Lira acusado pela compra de Kits de Robótica em escolas de Alagoas, aberturas e asfaltamentos de estradas que levam por coincidência às suas fazendas”. Caso este que já subiu para o Supremo Tribunal Federal, onde o juiz da 2ª Vara da Justiça Federal Roney Raimundo Leão Otilio afirma que “havendo indícios da participação nos delitos ora investigados de um congressista, a competência deste Juízo de 1º grau se encerra”. [1]
Aqui estamos próximos ao ponto do porquê não sobra dinheiro para a educação federal de ensino. Vamos aos fatos: o Congresso Nacional só neste ano de 2024 terá para gastar com emendas individuais e emendas de bancada divididos entre senadores e deputados a fabulosa quantia de 52,9 bilhões em seus redutos eleitorais, em pleno ano de campanha política para prefeitos e vereadores.
Para as universidades, os Institutos Federais e os colégios, como o Pedro II por exemplo, a quantia aprovado na Leia Orçamentaria Anual (LOA), pasmem vocês leitores, é de 5,9 bilhões para as universidades federais, 2,4 bilhões para a Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica. Segundo o jornal A Verdade, n. 286 de fevereiro de 2024, se comparado com o orçamento de 2023 do genocida, o governo Lula retirou do orçamento nada menos do que 310 milhões das universidades federais e 30 milhões a menos para os institutos federais.
Parece que faz sentido as palavras dos reitores das universidades que afirmam, tanto em seus fóruns como nos posicionamentos da ANDIFES, que não sabem como vão bancar as despesas de água, energia e o pagamento da folha dos terceirizados, segurança e limpeza a partir de setembro, pois o dinheiro vai acabar. Não sabem como vão pagar as bolsas de assistência estudantil.
Para se ter uma ideia, hoje mais de 700 alunos na UFRR são beneficiados com essas bolsas permanência. Só no restaurante universitário da UFRR centenas de alunos almoçam e jantam com esse benefício, sem falar na merenda do colégio de aplicação e no colégio agrícola que pode acabar de uma hora para outra. Por isso precisamos dos pais e dos professores nesta luta que vamos travar com um governo refém de um Congresso Nacional parasita.
Assim, a Universidade Federal de Roraima, em assembleia de 4 de abril, aprovou o estado de greve, retirando uma comissão ampla com professores e estudantes para aprofundar e avançar no debate da greve em 15 de abril, dia marcado para deliberarmos nossa entrada ou não na greve nacional, acompanhando os técnicos administrativos e os institutos federais, que já estão em greve em todo o Brasil com raríssimas exceções.
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Porque a greve é legitima nas universidades, nos Institutos Federais e nos colégios de aplicação. Artigo de Jaci Vieira - Instituto Humanitas Unisinos - IHU