28 Março 2024
Além de mais calor, estudo do ClimaMeter também observou que eventos similares ocorriam principalmente em novembro e dezembro e agora acontecem em fevereiro e março.
A reportagem foi publicada por ClimaInfo, 27-03-2024.
Já no final do verão e início do outono, boa parte do Brasil sofreu mais uma onda de calor, a terceira do ano. Nesse período, São Paulo registrou a temperatura mais alta para o mês de março em cerca de 80 anos. E no Rio de Janeiro, a sensação térmica em Guaratiba, bairro da zona Oeste, bateu novo recorde e superou 62°C.
As ondas de calor cada vez mais frequentes são efeito das mudanças climáticas, geradas sobretudo pelas emissões com a queima de combustíveis fósseis. E um novo estudo de atribuição da ClimaMeter, rede internacional de cientistas do clima voltada para análises de curtíssimo prazo, não só reforçou essa correlação como captou mudanças nos padrões do fenômeno.
O trabalho concluiu que as ondas de calor estão 1°C mais quentes do que os fenômenos do tipo observados no país em períodos anteriores, mesmo ocorrendo no fim do verão, destacam ((o))eco, g1, epbr e Meio Ambiente Rio. E embora mencione a contribuição do El Niño, o estudo reforça que é a crise climática a principal responsável pela “Era da Fervura”.
A pesquisa do ClimaMeter analisou como eventos similares mudaram neste século (de 2001 a 2023), em comparação com o século anterior (1979 a 2001). E além da elevação em 1°C, os cientistas observaram que eventos similares ocorriam principalmente em novembro e dezembro, enquanto atualmente estão acontecendo principalmente em fevereiro e março.
Os cientistas alertam que as temperaturas extremas aumentaram nas últimas décadas no sudeste da América do Sul, incluindo o Brasil: “O relatório AR6 do IPCC estabelece uma relação clara entre ondas de calor e mudança climática no Brasil por meio de projeções de aumento da mortalidade relacionada a ondas de calor, aumentos observados em temperaturas extremas e a probabilidade de ondas de calor mais frequentes e intensas no futuro devido à mudança climática”, lembraram.
Davide Faranda, diretor de pesquisa da Agência Francesa de Investigação (CNRS) e do Instituto Pierre Simon Laplace (IPSL) e um dos líderes do estudo, explica que a queima de combustíveis fósseis que está causando o aumento da temperatura global não é homogênea ao longo da estação. Isso faz com que os eventos de calor extremo estejam piorando não só na transição para o verão, mas também ao longo da primavera e do outono.
Os pesquisadores da ClimaMeter alertam para a tendência de continuidade e agravamento desse padrão, caso medidas não sejam tomadas. Isso significa a necessidade de eliminar os combustíveis fósseis da matriz energética global o mais rápido possível.
“Se continuarmos queimando, mantendo a utilização de combustíveis fósseis, o que se espera é que essas ondas de calor aqueçam o Brasil com cada vez mais frequência e com maior intensidade”, observou Faranda.
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Última onda de calor no Brasil foi 1ºC mais quente por causa das mudanças climáticas - Instituto Humanitas Unisinos - IHU