08 Março 2024
"Para a tarefa de ajudar todos os católicos a compreender melhor as questões LGBTQ+, Schepers, que participou de uma celebração religiosa para casais LGBTQ+ em 2022 e elogiou os trabalhadores da Igreja na Alemanha junto aos fiéis LGBTQ+, explicou será mais um guia, não um professor", escreve Robert Shine, diretor associado do New Ways Ministry, editor-chefe do Bondings 2.0 e formado em teologia pela Universidade Católica da América e pela Escola de Teologia e Ministério do Boston College, em artigo publicado por New Ways Ministry, 08-03-2024.
No mais recente movimento da Igreja alemã para a inclusão LGBTQ+, a Conferência dos Bispos do país nomeou um prelado para liderar os esforços pastorais queer.
Segundo o site Katholisch.de, a Conferência Episcopal Alemã nomeou Dom Ludger Schepers, auxiliar de Essen, como seu primeiro “delegado para a pastoral queer” durante sua reunião plenária no fim de fevereiro. Numerosas dioceses têm tais cargos para supervisionar os esforços locais e regionais, mas a nova posição de Schepers é inovadora dada a sua competência nacional. Em outro lugar, Katholisch.de relatou:
“A nomeação é um sinal de partida para uma maior abertura às questões queer na Igreja Católica, ele disse numa entrevista à rádio Deutschlandfunk. 'Nos próximos meses, certamente haverá muitas coisas que poderão ser discutidas abertamente'. Até agora, a Igreja suprimiu tais temas por várias razões", disse Schepers. Os ensinamentos da Igreja afirmam que ninguém deve ser discriminado com base na sua orientação de gênero. Muitas pessoas queer também querem viver a sua fé e não descartar a Igreja. Ele quer atuar como networker para eles em seu novo escritório.
“Segundo Schepers, já existem grupos religiosos que lidam com questões queer. Com base no projeto de reforma do Caminho Sinodal, estas abordagens devem agora ser prosseguidas. Em muitas dioceses já existem iniciativas que respondem a pessoas queer ou com dúvidas sobre o tema. Sua tarefa também é ajudar a explicar o que realmente significa gay, lésbica, trans ou queer. Os preconceitos e os medos só podem ser dissipados se as pessoas falarem sobre eles e oferecerem programas educativos. O bispo auxiliar também vê a autorização papal para a bênção de casais homossexuais como uma abertura do Vaticano”.
Para a tarefa de ajudar todos os católicos a compreender melhor as questões LGBTQ+, Schepers, que participou num serviço religioso para casais LGBTQ+ em 2022 e elogiou os trabalhadores da Igreja LGBTQ+ na Alemanha pela sua defesa, será mais um guia, não um professor. Katholisch.de relatou algumas das opiniões de Schepers sobre este tópico:
"A Alemanha também não segue um caminho tolerante em relação às pessoas queer há muito tempo. Contudo, a Igreja alemã poderia salientar que a Bíblia não condena a homossexualidade em princípio. Deve ficar claro que os valores tradicionais, como a responsabilidade numa parceria e a fiabilidade, são neutros em termos de gênero".
A nomeação de Schepers é útil neste momento porque alguns dos esforços da Igreja alemã em questões de gênero e sexualidade foram frustrados pela intervenção do Vaticano. O processo do Caminho Sinodal do país, concluído no ano passado, emitiu apelos significativos à igualdade LGBTQ+, incluindo a aceitação de pessoas transgênero e não binárias em todos os ministérios e sacramentos, a bênção de casais do mesmo sexo e a reavaliação do ensino da Igreja sobre ética sexual. A implementação destas e de outras reformas exigidas seria supervisionada por um Conselho Sinodal a ser estabelecido, composto por bispos e líderes leigos. Mas essa proposta está suspensa depois que o Vaticano a barrou. Em vista de tudo isso, talvez Dom Ludger Schepers possa realizar o que for possível para promover o ministério, o acolhimento e o cuidado pastoral LGBTQ+ agora.
