17 Fevereiro 2021
O bispo Peter Kohlgraf, de Mainz, na Alemanha, defende as bênçãos para casais do mesmo sexo e uma revisão do Catecismo.
A reportagem é de Christa Pongratz-Lippitt, publicada por La Croix International, 12-02-2021. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
A Igreja Católica deveria adotar uma nova abordagem pastoral para os casais homossexuais, acompanhando-os e abençoando aquilo que há de bom nas suas vidas, de acordo com o bispo Peter Kohlgraf, de Mainz, na Alemanha.
Bispo Peter Kohlgraf, de Mainz, na Alemanha (Foto: Wikimedia Commons)
Em sua coluna semanal no jornal diocesano Glaube und Leben, o bispo de 53 anos explicou como chegou a se convencer de que a Igreja deve mudar a sua postura sobre a homossexualidade.
Ele disse que, depois de se tornar bispo em 2017, ele logo foi informado de que muitas formas diferentes de bênçãos para casais homossexuais já existiam “e continuariam a existir”.
“Elas não seguem o modelo das cerimônias litúrgicas de matrimônio católicas, nem visam a alcançar uma liturgia padronizada. Os padres que acompanham esses casais abençoam aquilo que há de bom em suas vidas”, explicou.
Foi por isso que ele apoiou a publicação de uma coleção de cerimônias de bênção para casais gays intitulada “Casais, ritos, Igreja”, que membros da Diocese de Mainz, junto com a Sociedade Alemã para o Planejamento Familiar Católico, compilaram e publicaram em novembro de 2020.
Kohlgraf reconheceu que a maioria dos cerimoniais de bênção descritos no livro são “contrários à lei da Igreja”. Mas ele disse que já estão sendo usados e continuarão sendo usados.
O bispo, que foi ordenado padre em 1993 pela Arquidiocese de Colônia, disse que achava que não faria muito sentido se ele, como bispo responsável, anulasse as bênçãos.
“Eu realmente quero quebrar tantos pratos assim com pessoas que são fiéis?”, perguntou ele.
Ele destacou que, quando a Conferência dos Bispos da Alemanha realizou uma série de discussões sobre a homossexualidade em dezembro de 2019, especialistas médicos relataram que “a porcentagem de pessoas que se sentem orientadas para a homossexualidade na sociedade não é de forma alguma pequena, e a homossexualidade é um fenômeno relevante no mundo animal”.
Ele disse que sempre se fazia perguntas como: “As pessoas que se sentem orientadas à homossexualidade foram criadas de forma imperfeita? Deus cometeu um deslize?”.
Kohlgraf admitiu que, pessoalmente, achava difícil imaginar que algo tivesse dado errado na ordem da criação.
Ele disse que muito poucos homossexuais consideram “delicada e respeitosa” a orientação do Catecismo da Igreja Católica de que eles pratiquem a castidade.
O bispo assinalou que o Catecismo também afirma que a inclinação deles não é da sua própria escolha.
E observou que o apelo do Catecismo à compaixão pelos homossexuais pode soar condescendente.
“De modo geral, estou surpreso com o modo como a questão da homossexualidade ganhou ferocidade nos debates da Igreja”, disse Kohlgraf.
Ele disse que o foco nas bênçãos para casais homossexuais aumentou significativamente na Igreja alemã nos últimos anos.
O bispo Franz-Josef Bode, de Osnabrück, foi o primeiro bispo alemão a falar abertamente a favor da prática. Isso foi em 2018.
“Ficar em silêncio ou transformar o assunto em tabu não nos leva a lugar algum”, disse o bispo de 70 anos na época, enquanto exigia mais debate sobre o assunto.
Naquele mesmo ano, o cardeal Reinhard Marx, de Munique, se pronunciou a favor da bênção para casais homossexuais em casos individuais, depois de serem acompanhados por um padre.
E, então, em 2020, o bispo Heinrich Timmerevers, de Dresden, disse à agência de notícias católica KNA que acolheria as bênçãos para casais homossexuais.
Ele disse ser contrário à exclusão das pessoas e que podia entender por que os casais gays querem uma bênção.
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Bispo alemão diz que Igreja deve mudar sua postura sobre a homossexualidade - Instituto Humanitas Unisinos - IHU