INPE registra 1.691 focos ativos no estado somente em fevereiro, e fogo já atingiu as Terras Indígenas Yanomami e São Marcos, destruindo casas e roças.
A reportagem é publicada por ClimaInfo, 27-02-2024.
Com 2.295 registros, Roraima ocupa o 1º lugar no ranking de focos de calor – locais com alta temperatura passíveis de serem atingidos por queimadas – do país neste ano. O estado, que vive uma severa estiagem, responde por mais de 22% das ocorrências, já que, segundo o INPE, foram registrados 7.957 focos de calor em todo o Brasil de janeiro até a última quinta-feira (22/2).
De 1º a 22 de fevereiro, o instituto detectou 1.691 focos ativos em Roraima, dos quais mais de 1.000 foram registrados apenas na semana passada. É a maior marca para o período na série histórica do INPE, iniciada em 1999, e supera o recorde anterior, de 1.347 focos, em fevereiro de 2007, detalha o g1.
Dos 15 municípios brasileiros com o maior número de focos no mês de fevereiro, 14 estão em Roraima. E parte significativa disse já se transformou em incêndio. No interior do estado, agricultores relataram prejuízos “incalculáveis” causados pelo fogo. “A gente não dorme nem de noite e nem de dia tentando combater esse fogo. É uma coisa incontrolável, é desproporcional, não tem como o ser humano chegar na frente para combater. O que tem na frente ele vai levando, é casa, é animais, vai prejudicando tudo”, contou Francisco da Cruz, pequeno proprietário rural de Amajari.
O fogo também atingiu a Terra Indígena Yanomami, destruindo casas e roças, informa a Agência Brasil. E chegou à comunidade do Bananal, na TI São Marcos, segundo o Amazônia Real. No local vivem 405 pessoas, das etnias Taurepang, Macuxi e Wapixana. O tuxaua da comunidade, Tercio Sarlin da Silva, do Povo Taurepang, disse que o vento fez com que a queimada se espalhasse de forma assustadora. “Ninguém se feriu, mas famílias perderam suas plantações, como a de banana, de mandioca e outros tipos”, contou ele.
A estiagem é comum em Roraima nesse período do ano, mas o fenômeno é agravado pelas mudanças climáticas e o El Niño. Mesmo assim, o Greenpeace Brasil alertou que o governo do estado liberou 55 licenças ambientais para queimadas, sendo responsável pelo aumento de focos, segundo a organização.
O governo de Roraima disse que a alegação não procede, pois “a maioria das autorizações não foram utilizadas”. No entanto, o ciclo de queimadas foi suspenso pelo Executivo estadual somente na 4ª feira passada (21/2) por tempo indeterminado. Em 16 de fevereiro, o calendário de queimadas elaborado pela Fundação Estadual do Meio Ambiente e Meios Hídricos (FEMARH) havia sido prorrogado para até 9 de março em 12 municípios.
Com seca extrema e fogo sem controle, o governo estadual decretou situação de emergência em nove municípios roraimenses, de acordo com o Jornal Nacional. Com isso, o estado pode adotar medidas para contratação de pessoal sem licitação e mobilizar todos os órgãos estaduais na prevenção de desastres.
A seca e o fogo em Roraima também foram noticiados por Um só planeta, SBT, g1, Valor e Folha BV.
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