27 Novembro 2023
13 reféns israelenses e dez da Tailândia, bem como um cidadão filipino, desfrutam agora da sua liberdade após 49 dias mantidos como reféns pelo Hamas na Faixa de Gaza. O Patriarca de Jerusalém, Cardeal Pierbattista Pizzaballa, saúda esta divulgação como um sinal positivo de que a negociação pode levar a mais conquistas do que soluções militares para acabar com o conflito.
A reportagem é publicada por Alfa y Omega, 25-11-2023.
Numa entrevista aos meios de comunicação vaticanos, o chefe da Igreja Católica na Terra Santa garante que este gesto “é um primeiro passo para aliviar as tensões internas e internacionais”. Pizzaballa rejeita que a negociação possa ser considerada uma derrota porque, na sua opinião, a resolução do conflito “não pode ser uma vitória absoluta” para nenhuma das partes.
Ao mesmo tempo, reitera que será necessário oferecer a Gaza “uma perspectiva política clara para o futuro” quando o Hamas for banido da Faixa. Sobre este grupo, Pizzaballa indica que é necessário examinar as causas que deram origem a uma realidade como o Hamas e que levará tempo para eliminar tudo o que alimenta essa ideologia. "Tem que tirar as raízes. Não adianta cortar os galhos, pois eles podem brotar novamente. Em primeiro lugar, temos de dar uma perspectiva aos palestinos. Já o disse e sei que muitas pessoas não gostaram, mas devemos dar aos palestinos uma perspectiva nacional que eles ainda não têm", afirma. Lembra ainda que a ideologia do Hamas tem uma base religiosa e, por isso, para prevenir este tipo de mentalidade é essencial o diálogo inter-religioso e “nutrir um discurso religioso que não esteja centrado no ódio”.
O patriarca lamenta também que a guerra seja “um sinal muito claro de que os dois povos não podem coexistir, pelo menos não neste momento”. Por último, insiste que a ajuda humanitária à Faixa de Gaza é necessária e pede que a polarização não seja encorajada. "Vi que existem fortes divisões no mundo, umas contra as outras. Parece quase impossível amar os dois. Acho importante, como cristãos, também sermos claros no nosso discurso, sem sermos excludentes. Chamar as coisas pelo nome e, ao mesmo tempo, tentar manter relações abertas com todos e dizer a todos, um e outro, que os amamos", conclui o patriarca.
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Pizzaballa comemora a libertação dos reféns, mas reconhece que agora os dois povos não podem coexistir - Instituto Humanitas Unisinos - IHU