20 Julho 2023
Políticas climáticas atuais deixarão mais de um quinto da humanidade exposta a temperaturas perigosamente altas até 2100.
A reportagem é publicada por EcoDebate, 19-07-2023.
Um novo estudo descobriu que as políticas climáticas atuais deixarão mais de um quinto da humanidade exposta a temperaturas perigosamente altas até 2100.
O estudo, publicado na revista Nature Sustainability, descobriu que se o aquecimento global pode aumentar 2,7 graus Celsius em relação aos níveis pré-industriais, cerca de 2 bilhões de pessoas estarão vivendo em áreas onde as temperaturas médias anuais ultrapassarão 29 graus Celsius.
Essas temperaturas são consideradas perigosas porque podem levar a uma série de problemas de saúde, incluindo insolação, doenças cardíacas e pulmonares e morte.
O estudo também descobriu que as pessoas que vivem em áreas pobres e rurais são mais propensas a serem afetadas pelas mudanças climáticas.
O estudo é um forte lembrete da necessidade de tomar medidas urgentes para combater as mudanças climáticas. Se não tomarmos medidas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, os impactos do aquecimento global serão cada vez mais severos.
O que o estudo diz
O estudo, liderado por pesquisadores do Global Systems Institute da Universidade de Exeter e da Universidade de Nanjing, avaliou o que aconteceria com o número de pessoas que vivem fora do “nicho climático” no qual nossa espécie prosperou. O nicho climático é definido como as temperaturas médias anuais entre 13 e 27 graus Celsius.
O estudo descobriu que cerca de 60 milhões de pessoas já estão expostas ao calor perigoso. Com 2,7 graus Celsius de aquecimento global, dois bilhões de pessoas – 22% da população projetada para o final do século – estariam expostas a isso.
O estudo também descobriu que as emissões ao longo da vida de 3,5 cidadãos globais médios hoje – ou apenas 1,2 cidadãos dos EUA – expõem uma futura pessoa a um calor perigoso. Isso destaca a desigualdade da crise climática, pois essas futuras pessoas expostas ao calor viverão em lugares onde as emissões atuais são cerca de metade da média global.
O estudo também descobriu:
- A exposição ao calor perigoso começa a aumentar dramaticamente em 1,2°C (logo acima do aquecimento global atual) e aumenta em cerca de 140 milhões para cada 0,1°C de aquecimento adicional.
- Assumindo uma população futura de 9,5 bilhões de pessoas, a Índia teria a maior população exposta a um aquecimento global de 2,7°C – mais de 600 milhões. A 1,5°C, esse número seria muito menor, em cerca de 90 milhões.
- A Nigéria teria a segunda maior população exposta ao calor com um aquecimento global de 2,7°C, mais de 300 milhões. Com um aquecimento de 1,5°C, isso seria inferior a 40 milhões.
- A Índia e a Nigéria já apresentam “pontos críticos” de temperaturas perigosas.
- A 2,7°C, quase 100% de alguns países, incluindo Burkina Faso e Mali, estarão perigosamente quentes para os humanos. O Brasil teria a maior área terrestre exposta ao calor perigoso, apesar de quase nenhuma área exposta a 1,5 °C. A Austrália e a Índia também experimentariam aumentos maciços na área exposta.
- A equipe de pesquisa – que incluiu o Potsdam Institute for Climate Impact Research, o International Institute for Applied Systems Analysis e as Universidades de Washington, Carolina do Norte, Aarhus e Wageningen – enfatiza que o pior desses impactos pode ser evitado por uma ação rápida para reduzir as emissões de gases de efeito estufa.
O que isso significa para nós
Os resultados do estudo são um alerta para a necessidade de tomar medidas urgentes para combater as mudanças climáticas. Se não agirmos, o aquecimento global terá um impacto devastador em bilhões de pessoas em todo o mundo.
Existem uma série de coisas que podemos fazer para combater as mudanças climáticas, como reduzir nossa dependência dos combustíveis fósseis, investir em energias renováveis e melhorar a eficiência energética. Também podemos apoiar políticas que promovam a ação climática.
Cada um de nós pode fazer a diferença na luta contra as mudanças climáticas. Ao tomar medidas, podemos ajudar a criar um futuro mais sustentável para todos.
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Mais de 20% da população mundial pode ficar exposta ao calor extremo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU