18 Mai 2023
A poluição plástica pode ser reduzida em 80% até 2040 se os países e as empresas fizerem mudanças profundas nas políticas e no mercado usando as tecnologias existentes. É o que aponta um novo relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). O documento foi divulgado antes da segunda rodada de negociações em Paris sobre um acordo global para combater a poluição plástica e descreve a magnitude e a natureza das mudanças necessárias para acabar com a poluição plástica e criar uma economia circular.
A informação é do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), publicada por EcoDebate, 17-05-2023.
O Relatório "Fechando a torneira: como o mundo pode acabar com a poluição plástica e criar uma economia circular" foca em soluções e analisa práticas concretas, mudanças de mercado e políticas públicas para informar decisões governamentais e ação empresarial.
“A maneira como produzimos, usamos e descartamos os plásticos está poluindo os ecossistemas, criando riscos para a saúde humana e desestabilizando o clima”, disse Inger Andersen, Diretora Executiva do PNUMA. “Este relatório do PNUMA apresenta um roteiro para reduzir drasticamente esses riscos por meio da adoção de uma abordagem circular que mantém os plásticos fora dos ecossistemas e de nossos corpos e dentro da economia. Se seguirmos esse roteiro, inclusive nas negociações sobre o acordo de poluição plástica, poderemos obter grandes ganhos econômicos, sociais e ambientais.”
Para reduzir a poluição plástica em 80% em todo o mundo até 2040, o Relatório sugere primeiro a eliminação de plásticos problemáticos e desnecessários para reduzir o tamanho do problema. Posteriormente, o documento pede três mudanças no mercado – reutilizar, reciclar e reorientar e diversificar os produtos:
Mesmo com as medidas acima, 100 milhões de toneladas de plásticos vindos de produtos de vida curta e uso único ainda precisarão ser endereçadas anualmente e com segurança até 2040 – juntamente com um legado significativo da poluição plástica existente no meio ambiente. Para isso, são necessárias ações como a definição de padrões de design e segurança para o descarte de resíduos plásticos não recicláveis, bem como sua implementação, e a responsabilização dos fabricantes por produtos que liberam microplásticos, entre outros.
No geral, a mudança para uma economia circular resultaria em uma economia de 1,27 trilhão de dólares, considerando custos e receitas de reciclagem. Outros 3,25 trilhões de dólares seriam economizados com externalidades evitadas, como saúde, clima, poluição do ar, degradação do ecossistema marinho e custos relacionados a litígios. Essa mudança também poderia resultar em um aumento líquido de 700 mil empregos até 2040, principalmente em países de baixa renda, melhorando significativamente os meios de subsistência de milhões de trabalhadores e trabalhadoras em ambientes informais.
Os custos de investimento para a mudança sistêmica recomendada são significativos, mas menores do que os gastos sem essa mudança sistêmica: 65 bilhões de dólares por ano versus 113 bilhões de dólares/ano. Grande parte desse valor pode ser mobilizado transferindo investimentos planejados para novas instalações de produção – que não serão mais necessárias devido à redução das necessidades de materiais – ou aplicando uma taxa sobre a produção de plástico virgem direcionada à infraestrutura necessária para a circularidade. No entanto, o tempo é essencial: um atraso de cinco anos pode levar a um aumento de 80 milhões de toneladas de poluição plástica até 2040.
Tanto em uma economia descartável quanto em uma economia circular, os custos mais altos são operacionais. Com a regulamentação para garantir que os plásticos sejam projetados para serem circulares, esquemas baseados na Responsabilidade Estendida do Produtor (REP) podem cobrir esses custos operacionais para garantir a circularidade do sistema, exigindo que os produtores financiem a coleta, a reciclagem e o descarte responsável dos produtos plásticos no fim da vida útil.
Políticas públicas acordadas internacionalmente podem ajudar a superar os limites do planejamento nacional e da ação empresarial, sustentar uma pujante economia global circular de plásticos, criar oportunidades de negócios e empregos. Essas políticas podem incluir critérios acordados para produtos plásticos que podem ser banidos, uma linha de base de conhecimento transfronteiriço, regras sobre os padrões operacionais mínimos necessários dos esquemas de REP e outros padrões.
O relatório recomenda que uma estrutura fiscal global seja incluída nas políticas internacionais para viabilizar a concorrência em igualdade de condições dos materiais reciclados com os materiais virgens, criando uma economia de escala para soluções e estabelecendo sistemas de monitoramento e mecanismos de financiamento.
É fundamental incentivar formuladores de políticas a adotar uma abordagem que integre tanto políticas públicas quanto instrumentos regulatórios endereçando atividades ao longo de todo o ciclo de vida do plástico, já que cria sinergias que se fortalecem mutuamente no sentido de transformar. Por exemplo, as regras de design para tornar os produtos economicamente recicláveis podem ser combinadas com metas para incorporar conteúdo reciclado e incentivos fiscais para usinas de reciclagem.
O relatório também aborda políticas específicas, incluindo padrões para design, segurança e plásticos compostáveis e biodegradáveis; metas mínimas para reciclagem; esquemas de REP; impostos; banimentos; estratégias de comunicação; compras públicas e rotulagem.
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Relatório aponta soluções para reduzir a poluição plástica - Instituto Humanitas Unisinos - IHU