02 Mai 2023
A reportagem é de José Lorenzo, publicada por Religión Digital, 02-05-2023.
“Estamos em um processo de destruição de tudo que de alguma forma moldou a vida do povo haitiano: a convivência, a confiança, as relações de boa vizinhança. Estamos perdendo tudo isso. As pessoas que iam à igreja sabiam que eram lugares mais ou menos seguros. Hoje, até na igreja, as pessoas vêm para sequestrar pessoas, o que faz com que muitos templos fechem”.
Estas são as palavras de dom Pierre Dumas, bispo de Anse-à-Veau e Miragôane, no Haiti, um país à deriva, abalado não só pela natureza na forma de vários terremotos devastadores, mas também por um colapso político e institucional após a queda do regime autocrático dos Duvaliers, em 1986, e a indiferença internacional.
“Na área de Martissant, na paróquia de Santa Bernadette e outras áreas sem lei, é quase difícil praticar o culto, celebrar, celebrar a Eucaristia em paz, com calma”, lamenta o bispo em declarações coletadas por Rezonodwes. “Quando os fiéis vão às igrejas, tem que haver quase um acordo com as quadrilhas para poder participar do culto. Isso é muito nojento. É o país inteiro que vive essa situação”, enfatiza.
De fato, alguns locais de culto tiveram que fechar as portas, como o oratório San Charbel, após o sequestro de dois fiéis durante a missa, em mais um passo contra as instituições, neste caso, a Igreja Católica, até então altamente respeitado. “As gangues ainda estão no controle e reinam em muitos bairros chamados de 'zonas sem direitos'”, afirmou dom Dumas.
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Haiti: quando os fiéis têm que negociar com as gangues para poder ir à missa - Instituto Humanitas Unisinos - IHU