30 Março 2023
No dia em que expira o ultimato do governo ucraniano, os monges ortodoxos fiéis ao patriarcado de Moscou começaram a retirar materiais do complexo em meio a um grande destacamento de forças policiais e uma multidão de fiéis em oração. Outras estruturas também poderão sofrer o mesmo destino em breve. Há temores de que toda a estrutura eclesial, que tem cerca de 12.000 paróquias em toda a Ucrânia, seja colocada fora da lei.
A reportagem é de Vladimir Rozansky, publicada por Asia News, 29-03-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.
De acordo com as disposições do governo de Kiev, os monges da Lavra das Grutas vinculados à jurisdição do patriarcado de Moscou (Igreja Upz), devem desocupar as instalações do mosteiro até 29 de março. E na manhã desta quarta-feira começaram as operações de mudança, com grande mobilização das forças policiais, sobretudo para controlar que não sejam levados objetos e móveis de propriedade da Lavra, portanto do Estado.
Desde a manhã, uma multidão de fiéis se reuniu, sem nenhuma intenção particular de manifestar ou levantar protestos, mas cantando e rezando nos cantos do pátio em frente à entrada, sob a vigilância dos agentes. Vários monges começaram a evacuar os locais, levando consigo vários maquinários, e às perguntas dos jornalistas nem sequer souberam explicar em detalhes o seu destino: "São máquinas, não sei dizer para que servem", respondeu um jovem monge enquanto carregava um grande instrumento de tipo industrial. Nestes últimos anos, na Lavra além dos locais para as funções religiosas, vários espaços foram utilizados para a produção de mobiliário e equipamentos diversos, principalmente para fins comerciais, bem como máquinas tipográficas para a impressão de livros e revistas.
Em relação aos possíveis novos destinos para a comunidade monástica, não será fácil para os monges fiéis a Moscou conseguir se recolocar. De fato, a Igreja Upz vai perder também outros sítios ocupados até agora, todos eles propriedade do Estado, nos quais foram realizadas várias buscas nos últimos meses. A inobservância das regras de usufruto, sobretudo os usos comerciais dos espaços monásticos, levou à anulação dos contratos, que agora são pedidos pela Igreja autocéfala Pzu, que poderia substituir os "coirmãos" pró-russos nas celas monásticas.
Nesse sentido, manifestou-se o diretor do Centro para a Segurança Religiosa, instituto privado de análise sócio-religiosa, Dmitrij Gorevoj, segundo o qual em breve se prevê também o despejo de outros dois mosteiros datados do período compreendido entre os séculos XII e XVII, em Černigov, e da Lavra de Počaev na região de Ternopol, uma construção do século XVII, "que também são propriedade do estado ucraniano". O ministro da Cultura, Aleksandr Tkačenko, já anunciou que mesmo para esses mosteiros "o contrato está sendo rescindido", indicando vários outros prédios com características semelhantes, como o mosteiro da Santíssima Trindade na região de Rovensk.
Dessa forma, a Igreja Upz poderia ser privada de todas as propriedades na Ucrânia, não apenas dos espaços estatais de que até agora usufruía, com um decreto geral proibindo qualquer forma de vínculo jurídico e eclesiástico com o patriarcado de Moscou. Depois dos grandes mosteiros antigos, a conclusão poderia dizer respeito à violação das normas de uso, juntamente com a acusação de favorecimento do inimigo, o que levaria à proscrição de toda a estrutura eclesial, que tem cerca de 12.000 paróquias em toda a Ucrânia.
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Em Kiev, começou a desocupação da Lavra das Grutas - Instituto Humanitas Unisinos - IHU