21 Março 2023
As empresas de tecnologia precisam fazer mais para proteger as crianças online. A conclusão é do relatório sobre Violência contra Crianças, apresentado ao Conselho de Direitos Humanos da ONU. “Não é responsabilidade das crianças nem dos pais tornar o mundo online mais seguro. Garantir a segurança e a privacidade das crianças em espaços online deve ser incorporado ao design da plataforma que as crianças usam”, destaca o relatório.
A informação é de Edelberto Behs, jornalista.
Mais de 63% da população mundial está online na “era da informação” e um terço dos usuários da internet tem menos de 18 anos de idade. Ao ingressarem num aplicativo, jogo ou empresa de mídia, crianças dão sua concordância com os “Termos e Condições”, sem saberem, ao certo, com o quê estão concordando, inclusive autorizando que seus dados e informações possam ser usados.
Daí a importância, entre outros motivos, de oferecer um ambiente seguro para crianças, jovens e adolescentes na internet. O estudo do grupo que trata de Violência contra Crianças constatou que existe uma conexão muito forte entre a violência offline e a violência online. Uma é capaz de levar à outra, e “as ações violentas podem ser agravadas por meio da Internet, pois podem deixar uma pegada permanente no ciberespaço e atingir rapidamente um público amplo”.
Quando uma criança escreve ou publica um comentário odioso sobre outras pessoas elas praticam “bullying” online, ou se compartilhar sua imagem, são ações que podem ser usadas posteriormente para prejudicá-las.
Meninas tendem a ser mais visadas do que meninos em casos de “bullying” ou assédios por causa de sua aparência, peso, sexualidade, raça, etnia, status socioeconômico. “Quando as crianças praticam’ bullying’ online, é comum que elas não vejam os impactos de suas ações, pois sempre há uma tela entre elas, as que praticam e as que sofrem o ‘bullying’ ou o assédio”, explica o relatório.
O “bullying” e o “cyberbullying” podem gerar distúrbios danosos às vítimas, como dependência de álcool e drogas, baixa autoestima, agressão, comportamento autodestrutivo, distúrbios do sono, ansiedade, depressão, suicídio. A Internet também expõe crianças ao aliciamento online, exploração sexual, exposição a conteúdos violentos, roubo de identidade.
“Não podemos nos concentrar em corrigir os problemas depois que eles ocorrem. Precisamos tornar o mundo online mais seguro e ajudar a prevenir a ocorrência de violência em primeiro lugar”, frisa o relatório. As próprias crianças, destaca o texto, têm um papel importante “em ajudar a criar uma cultura de segurança online sendo gentis com os outros, não replicar ações negativas. A prevenção deve ser a prioridade”.
Governos, indústria de tecnologia, escolas e educadores, sociedade civil e organizações internacionais, pais, “todos têm um papel a desempenhar” na prevenção à violência online. Se uma pessoa testemunhar uma situação de “bullying”, ela deve mostrar apoio à criança que o está sofrendo, mas também falar em particular com a crianças que o comete, recomenda o texto.
Embora o relatório destaque os benefícios que o acesso à Internet traz a jovens e crianças, como aprendizagem e informação, ele alerta para os riscos, com o reconhecimento de que “o mundo precisa se mover mais rápido e melhor para proteger as crianças desses riscos”.
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Relatório aponta riscos para crianças sobre conectividade sem controle - Instituto Humanitas Unisinos - IHU